Cada vez mais, tenho percebido uma grande dificuldade de as pessoas tomarem a decisão de empreender. Algumas têm muita vontade, mas não contam com o capital necessário. De outro lado, há quem dispõe do capital, mas não tem tempo ou coragem para empreender.
Tenho procurado desmistificar esse tema, mostrando às pessoas que elas podem empreender de diversas formas. Porém, a maioria acredita que, para ingressar no mundo do empreendedorismo, é preciso inventar ou começar um negócio do zero.
Mas se arte de empreender já carrega, por si só, uma grande dose de incertezas, por que não investir em um negócio que mitigue a maior parte desses riscos?
Antes de falar sobre a minha visão, gostaria de convidá-lo, caro leitor, à análise de um modelo de empreendedorismo que passa ao largo da ideia de começar um negócio do zero. Normalmente, começar algo exige desde a escolha do setor a investir, a análise da concorrência, a criação de uma marca, a formatação do modelo de negócio, a contratação dos colaboradores, a escolha do ponto comercial, a reforma com os ajustes de layout, a criação da campanha de marketing para captação dos primeiros clientes e a entrega do serviço ou produto com excelência.
Pois bem, certamente o capital necessário para suportar a curva de aprendizado, criar desejo no mercado e divulgar a marca e seus produtos e serviços será altíssimo, levando boa parte desses negócios à quebra, com a perda do tempo e capital por parte do empreendedor.
Agora, voltando à visão que quero trazer, existe uma forma de empreender, gerar empregos e pagar impostos – enfim, lançar-se ao mundo do empreendedorismo – sem correr tanto risco: o modelo de empreendedor multifranqueado (ou até multissetorial).
A ideia é que o empreendedor tenha a capacidade de gerir várias unidades franqueadas, usando a sinergia para gerar benefícios em prol do modelo de negócios coletivo. A sinergia é obtida na medida em que o empresário consiga administrar acima de cinco lojas franqueadas, mantendo para isso um único time de gestão.
Além do benefício da escala que passa a ter, o empreendedor também pode diversificar em setores diferentes, conseguindo pulverizar os riscos, uma vez que dificilmente haverá três ou quatro setores em baixa ao mesmo tempo. Em suma, é possível empreender e se tornar um grande empresário gerindo várias franquias e – por que não? – várias marcas, usando uma única estrutura de gestão e agregando muito valor às operações.
E, quando recomendo o empreendimento no setor do franchising, a dica é que se busque um franqueador com excelente reputação, que cumpra o que é prometido, uma vez que foram investidos vários anos na testagem do negócio, pedras foram retiradas do caminho, processos foram criados e campanhas de marketing foram executadas, gerando serviços ou produtos desejados pelo mercado consumidor.
O resultado desse esforço do franqueador em entregar essa cesta de serviços faz com que o franqueado tenha, na largada, 50% de chances de sucesso, ficando os outros 50% na dependência do seu empenho e de sua equipe na aplicação de todos os manuais recomendados pela marca. Por isso, o setor de franchising cresce tanto no mundo – por diminuir substancialmente os riscos para o franqueado.
Nos últimos anos, esse modelo de empreendedorismo tem crescido muito no Brasil, criando grandes grupos de franqueados que administram de cinco lojas a 100 lojas e se tornam grandes negócios – em alguns casos, até maiores do que alguns franqueadores.
Vejo uma forte consolidação desses multi franqueados e, quem sabe em breve, teremos alguns desses grupos abrindo o capital, assim como já ocorre em outros países.
José Carlos Semenzato é presidente do conselho da SMZTO, fundo de private equity especializado em franquias, e um dos investidores do programa “Shark Tank Brasil”, da Sony Channel.
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