A cor da nossa pele está relacionada a uma série de fatores. A pigmentação constitutiva da pele é fruto da nossa herança genética e não sofre interferência da radiação solar. Já a cor facultativa da nossa pele é reversível e pode ser induzida, uma vez que é resultante da exposição solar. Segundo a classificação de fototipos de pele da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a pele negra é fototipo V/VI e é totalmente pigmentada, ou seja, possui altos níveis de melanina, proteína que dá cor e protege contra os raios solares. Essa classificação é oriunda da escala Fitzpatrick, criada pelo médico Thomas B. Fitzpatrick em 1976. Ele classificou a pele em fototipos de um a seis, a partir da capacidade de bronzeamento, sensibilidade e vermelhidão quando exposta ao sol.
“Além dos altos níveis de melanina, a pele negra produz mais colágeno, é mais espessa e mais firme, tornando-se mais elástica e resistente aos efeitos do tempo, o que é uma grande vantagem.”Dermatologicamente falando, a pele negra possui uma série de características únicas. Além dos altos níveis de melanina, tal pele produz mais colágeno, é mais espessa e mais firme, tornando-se mais elástica e resistente aos efeitos do tempo, o que é uma grande vantagem. Por outro lado, é uma pele que pigmenta com facilidade: e é devido a essa hiperpigmentação que se torna o principal motivo da grande propensão às manchas, como melasmas. Outro ponto importante é que o alto nível de colágeno contribui para o surgimento dos queloides nas cicatrizes (crescimento anormal de tecido cicatricial após um corte ou cirurgia de pele). Portanto, existem alguns cuidados que devemos tomar para evitarmos efeitos indesejáveis nessa pele tão bonita. Para evitar a formação das manchas, o uso diário do fotoprotetor é essencial. Ela precisa de proteção solar com, no mínimo, FPS 30. Produtos com ação antioxidante, como a vitamina C, ou à base de ácidos glicólico e kójico são grandes aliados. No caso de as manchas já existirem, é essencial o uso de despigmentantes tópicos e orais na rotina de skincare.
Outra particularidade da pele negra é que ela tende a ser mais oleosa no rosto devido à grande quantidade de glândulas sebáceas e da maior concentração da bactéria Propionibacterium acnes, causadora da acne. Nesse sentido, além de uma alimentação saudável, realizar limpezas de pele mensais e usar produtos específicos para pele oleosa são ótimas pedidas. Em compensação, a pele negra corporal é ressecada e precisa de cuidados especiais com o banho: o sabonete (líquido e de preferência hidratante) só deve ser usado uma vez ao dia, e bons hidratantes corporais, com ativos como a ureia, ácido hialurônico, ácido lático, extrato de aveia, devem ser usados duas vezes ao dia.
Em relação aos procedimentos estéticos, podemos fazer desde o rejuvenescimento com laser até a depilação a laser, desde que sejam manuseados por um dermatologista especialista. O laser de picossegundos, por exemplo, é seguro e eficaz para o tratamento de manchas faciais e corporais, além do rejuvenescimento. Já para o tratamento da flacidez, o ultrassom microfocado pode ser feito com total segurança. Para as queixas corporais, como redução de gordura localizada, celulite e flacidez, as opções são inúmeras, e vão desde o ultrassom micro e macrofocado até a radiofrequência e a criolipólise. Na minha prática diária, percebo que os resultados de rejuvenescimento são muito bons e mais rápidos, devido à maior firmeza da pele negra e à produção mais intensa de colágeno no pós-procedimento. Por outro lado, devemos ter duas vezes mais cautela pelo alto índice de hipercromia, ou seja, surgimento de manchas após a realização de qualquer procedimento. Portanto, não se esqueça: procure um dermatologista especialista no tratamento de peles fototipo V/VI.
Dra. Letícia Nanci é Médica do Hospital Sírio-Libanês, médica-responsável pela Clínica Dermatológica Letícia Nanci; membro efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD); da American Academy of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD)
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