Hoje (29) estreia a primeira temporada do Forbes GX Series, uma série de entrevistas comandadas por Flavia Camanho Camparini, especialista em governança familiar e estratégia de desenvolvimento humano, fundadora do Flux Institute e professora convidada dos programas do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), FBN (Family Business Network) e FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina) e apoio da PwC.
O primeiro entrevistado é Carlos Jereissati, CEO da Iguatemi, uma das maiores empresas full service do setor de shopping centers do Brasil e referência na área. Segunda geração da família que fundou a empresa em 1979, Carlinhos, como é conhecido, está hoje à frente da operação de um grupo que detém participação em 14 shopping centers, dois Premium Outlets e três torres comerciais que, juntos, totalizam 707 mil m² de área bruta locável – 450 mil m² próprios.
Na entrevista, o executivo conta quando e como se deu conta de que fazia parte de um grupo empresarial importante, os papéis que exerce e como equilibra suas ambições. Veja, a seguir, na íntegra:
Flavia Camanho: Quem é você e o que você faz hoje?
Carlos Jereissati: Eu sou CEO da Iguatemi e estou há quase 20 anos nessa posição. Realizei o IPO da companhia há 14 anos, e desde então ela cresceu bastante.
FC: Quando caiu a ficha que você era membro de uma família empresária? Que você fazia parte de uma família que tinha um business por trás?
CJ: Eu acho que, na verdade, antes de pensar que eu era de uma família empresária, eu via que a minha família era muito ligada ao trabalho. Eu lembro do meu pai, desde que eu era pequeno, saindo muito cedo para trabalhar e voltando muito tarde. Quando eu tinha 15 ou 16 anos, a gente [os herdeiros] começou a passar um pedaço das férias indo trabalhar com ele, algo que virou um programa e funciona até hoje, para a terceira geração. Ali eu percebi que a gente tinha alguns negócios, que o trabalho era parte dos valores da minha família e fui gostando de fazer parte daquilo. Ali eu realmente percebi que era membro de uma família empresária e que trabalhava bastante.
FC: Com tanto contato com esse mundo desde o início da sua vida, como você achou o seu lugar?
CJ: Eu acho que foi meio natural. A gente foi sempre estimulado a estar próximo dos negócios e meu pai sempre acreditou que era importante você ser exposto e ter responsabilidade. Então ele colocou a gente para trabalhar muito cedo, nos deu responsabilidades, e vendo o desempenho de cada um e dando espaço na medida que a gente entregava e era bem avaliado pelo grupo que trabalhava conosco. Então fomos estimulados a ir construindo uma carreira dentro do negócio baseado muito nas nossas competências naturais. Eu e meus irmãos, que também trabalham no negócio, temos muitas coisas complementares, e cada um foi buscando, à sua maneira, encontrar um espaço e crescer no grupo.
FC: Com essa sua experiência em governança, em ter vivido numa família empresária, qual seria o seu conselho para as pessoas que vivem essa realidade, de ser membro de uma família que tem um negócio?
CJ: Eu acho muito importante começar cedo, se envolver, ter uma estrutura familiar organizada. As pessoas precisam entender os diferentes papéis que exercem como família, executivo, acionista. Elas precisam saber valorizar cada espaço e buscar aquilo com o qual tem mais afinidade. Você não precisa estar em todos os papéis, mas precisa entendê-los e respeitar os talentos que existem na sua família, entender aquilo que melhor funciona pra você. E eu acho que isso você só adquire quando é exposto a muito conteúdo. Por isso começar cedo é importante, até para as pessoas saberem como se colocar dentro da sua família da melhor maneira possível.
FC: Como você está construindo sua própria história?
CJ: É uma história de equilíbrio. Minha família tem muito envolvimento com o Brasil – meu avô [Carlos Jereissati] foi senador e um tio que foi governador várias vezes [Tasso Jereissati, ex-governador do Ceará e atual senador] e uma família muita ligada aos negócios, negócios de qualidade, nos quais a excelência é marca. Eu sempre busquei um equilíbrio entre esses dois mundos – a preocupação com o país e como ajudar, ser partícipe na melhoria do Brasil, e ter uma carreira em algo que eu gostasse e colocasse muito da minha identidade e personalidade. A Iguatemi ajudou a indústria nacional de shopping center a ser melhor, e está sempre puxando o setor. E o equilíbrio entre essas duas coisas que está sempre na minha cabeça quando estou planejando a minha história.
*No próximo dia 12 de agosto, vai ao ar a segunda entrevista da série, com Paula Setubal, conselheira da Duratex e do Itaú Social.
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