Ocorre com muita frequência: ao perceber que o seu empreendimento engrenou, o empresário logo começa a pensar na sua expansão, seja por meio de unidades próprias ou através do modelo de franchising. O problema é que nem todo empreendimento que dá certo em determinado local e sob certas circunstâncias está, necessariamente, destinado a funcionar e ser lucrativo em outro lugar, influenciado por outras variáveis – outro ponto comercial, outros gestores e colaboradores e, principalmente, outros consumidores.
Então, é muito comum que empreendedores nos procurem com essa questão: como saber se meu negócio tem potencial para ser expandido no formato de franquia?
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O primeiro aspecto a se considerar é se o negócio já está em operação há algum tempo e, como costumo dizer, saber se caiu (ou não) nas graças do consumidor. Essa percepção sobre o sucesso (ou não) do negócio é fundamental e pode ser medida a partir de vários pontos, como a qualidade dos produtos e/ou serviços oferecidos, a escalabilidade do empreendimento, sua precificação, suas margens de lucro etc. Em resumo: não se pode avaliar se um negócio deu certo ou não com base em apenas uma dessas variáveis – tal análise deve englobar e considerar o maior número de indicadores possível.
Ainda assim, depois de confirmar que você tem um negócio desejado e lucrativo, é necessário iniciar outra fase da avaliação: é preciso saber se o empreendimento oferece margens suficientes para remunerar toda a cadeia que envolve um modelo de franquia – franqueador, franqueado, colaboradores e fornecedores.
O candidato a franqueador também precisa analisar o que seu negócio tem a oferecer aos potenciais franqueados. Neste tópico particular, os principais indicadores a serem considerados na análise de viabilidade são lucratividade, investimento, escalabilidade e taxa de retorno.
Mas o ponto mais importante a ser analisado é o prazo de retorno do investimento. O ideal é que este prazo fique entre 12 e 36 meses, o que certamente fará com que sua taxa de retorno seja melhor do que os investimentos conservadores do mercado, tendo ainda como benefícios a criação de emprego e renda para franqueado e colaboradores e a geração de impostos e riquezas para o país.
Vencida essa etapa, podemos finalmente iniciar a formatação do negócio. Este estágio inclui o desenvolvimento dos manuais operacionais e de marketing, a criação de estratégias comerciais, a elaboração de estudos de geomarketing e, por fim, a preparação da Circular de Oferta de Franquias (COF), preferencialmente com o apoio de um bom advogado, que conheça a Lei do Franchising.
Em todo o processo, é preciso estar claro que o fundamental é fazer o negócio piloto dar certo. Ou seja, se o empreendimento ainda não está consolidado, eventualmente cambaleia e por vezes até decepciona, não há como se pensar em franqueá-lo. Para ser franqueável, uma marca deve ser, antes de tudo, bem-sucedida e consolidada.
Quando este estágio for alcançado, pode-se contratar uma consultoria especializada em franquias para auxiliar na análise sobre o potencial de escalabilidade do negócio. Além disso, a própria ABF (Associação Brasileira de Franquias) e outras organizações e entidades oferecem cursos que podem ajudar – e muito – no processo inicial.
Também é importante saber que nem tudo é franqueável. Este, aliás, é um grande erro de muitos empreendedores, que acreditam que para criar uma marca de sucesso basta fazer um “copia-e-cola” de um negócio similar ou concorrente e pronto.
Por fim, fica aqui minha recomendação para quem procura uma franquia para investir: descubra quem está por trás daquela marca, pesquise sobre sua tradição no setor, sua credibilidade e, principalmente, converse com outros franqueados da rede antes de investir.
José Carlos Semenzato é presidente do conselho da SMZTO, fundo de private equity especializado em franquias, e um dos investidores do programa “Shark Tank Brasil”, da Sony Channel.
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