Impõe-se esta pergunta diante da avassaladora onda de pessimismo com que tentam pintar o Brasil de hoje. No caldeirão de vaidades e de radicalismos políticos, a realidade fica distante do barulho dos tambores e tamborins a repetirem slogans e a matraquearem pessimismo, deixando de lado conquistas e certezas econômicas e sociais positivas.
Dos países que conheço, há dois em que o espírito crítico e negativo ultrapassam as fronteiras do razoável. França e Brasil são campeões mundiais do negacionismo ao clima de construção de um consenso positivo sobre suas realidades. E, claro, o Brasil, por ter herdado uma parte do patrimônio cultural francês concentrado na Sorbonne, com grande influência sobre nossa elite política e intelectual.
Nada é bom no Brasil, se não tiver um mas após algo positivo, no mesmo estilo do “mais” gaulês tão em moda por aqui. No artigo deste mês, queria quebrar o padrão do mas, para trazer algumas informações incontestáveis.
A primeira delas é que o Brasil não foi escorraçado pelos Estados Unidos e por Biden na cúpula do clima. Pelo contrário, foi cha-mado de parceiro confiável, um atributo que vem desde a Grande Guerra para a qual en-viamos nossos jovens contra o eixo nazista.
A segunda é a exemplar conduta do agro-negócio no Brasil e no mundão. Hoje, alimentamos mais de 1 bilhão de pessoas no mundo. Somos, segundo a FAO, “top five” no mundo em cerca de 30 produtos agrícolas, ocupando, com todas as nossas lavouras, uma área de cerca de 63 milhões de hectares (não mais de 13,5% do território nacional). Tudo isso sem subsídios para um setor cujo autofinanciamento responde por 85% de suas necessidades (o crédito público financia apenas 7,5 % da demanda de todo o setor). Citando Priscila Pinto, presidente do Instituto Millenium, comissionado pela ONU para a realização do estudo: “O agro-negócio funciona porque o Estado não está em cima dele e é um exemplo de inspiração para outros setores”.
Vamos aos dados do Caged que registrou, nos quatro primeiros meses do ano, a expressiva soma de cerca 1 milhão de novos empregos com carteiras assinadas no Brasil. Em uma pandemia como esta, tais números, ainda mais considerando-se o lockdown em partes do país e interrupções na cadeia de produção de insumos industriais prejudicando as empresas, podem representar um fator altamente favorável ao crescimento econômico.
Correlato a esse fator de crescimento, a evolução recorde do recolhimento de impostos federais e estaduais mostra que deixamos a recessão e caminhamos para um crescimento da ordem de 3,5 % neste ano. Anoto também o singular e saudável fato de que, após 17 anos, conseguimos ter saldos favoráveis na balança de pagamentos. Segundo números do Ministério da Economia, caminhamos para um saldo final da balança comercial da ordem de US$ 89 bilhões. São números importantes. Primeiro ao nos afastarem de uma crise cambial; depois, por aumentarem as reservas hoje próximas de US$ 400 bilhões de dólares – nos colocando no percurso de retornar ao grau de investimento das agências de rating internacionais.
Embora tenhamos tido de conter os gastos orçamentários devido aos aportes de assistência aos estados e municípios e aos auxílios emergenciais, estamos conseguindo fazer uma revolução na infraestrutura brasileira de portos, estradas, pontes, ferrovias e, como mostrou o leilão da Cedae, na área essencial de águas e esgotos.
Choremos e ergamos nossas preces pelos mortos pela Covid-19. Mas ergamos nosso olhar para Deus agradecendo o que de bom estamos colhendo na área econômica. A crítica é saudável e necessária, mas não pode se tornar o ácido corrosivo banhando uma nação potente.
Mario Garnero é Chairman do Grupo Garnero e presidente do Fórum das Américas
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