Setenta frigoríficos estão em uma lista para serem aprovados a receberem a habilitação de exportação de carne bovina para a China. E rolou a notícia de que eles foram rejeitados.
Acontece que tem aí uma lista interessante de novas plantas que podem entrar para serem habilitadas em exportar carne bovina para a China. Mas soubemos que, por questões burocráticas, alguma documentação adicional foi exigida. Desse total, algumas plantas voltaram para a estaca zero e a ministra Tereza Cristina, da Agricultura e Pecuária, está fazendo o seu papel de intermediar essas negociações e ver se o país consegue ampliar o número de plantas habilitadas em exportar para aquele país.
LEIA TAMBÉM: China compra menos e exportação brasileira de carne bovina cai no semestre
Sabemos de fontes seguras que pelo menos 35 plantas, dessas 70, estão em estágio bastante avançado de liberação. Mas essa pedrinha no sapato, ou esse adiamento no processo de habilitação, não vai atrapalhar. Até porque, se a gente considerar os últimos 18 meses, o Brasil tem crescido muito em volume de exportações para a China e realizado um bom fluxo com as plantas que estão habilitadas atualmente. Então, isso não seria um grande problema em questão de volume de exportação. A gente poderia continuar com as plantas atuais.
O que atrapalha? Com certeza, com mais plantas habilitadas nós poderíamos diluir o benefício da exportação, já que temos um mercado doméstico bastante combalido, permeado e atrapalhado, digamos assim, pelo desemprego, perda de renda e pelo cenário inflacionário que começou a se formar com mais força. Já temos projeções de inflação que se aproximam de 6,5% até o fim do ano. Os preços administrados já registram uma projeção acima de 10%, ou seja, isso acaba atrapalhando bastante o poder de compra. E carne bovina, para ser consumida, precisa de renda, porque ela tem os seus substitutos perfeitos que são frangos, suínos, ovos, embutidos e por aí vai.
Então, seria bastante interessante aos frigoríficos que ainda não têm acesso de outras plantas habilitadas, que pudessem compartilhar o benefício da exportação com os frigoríficos que já são habilitados. Mas isso deve vir aí num futuro próximo, muito provavelmente. Nós avançaremos com essa agenda e ultrapassaremos as exigências e burocracias que são necessárias para a habilitação de novas plantas.
Lygia Pimentel, CEO da AgriFatto, é médica veterinária, economista e consultora para o mercado de commodities. Desde 2007 atua no setor do agronegócio ocupando cargos como analista de mercado na Scot Consultoria, gerente de operação de commodities na XP Investimentos e chefe de análise de mercado de gado de corte na INTL FCStone.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.