É possível perder cabelo devido à infecção por coronavírus? Esta foi uma observação geral entre médicos dermatologistas no último ano. No início da pandemia, tudo era novidade e pouco se conhecia do mecanismo de ação e possíveis repercussões desta doença, porém, com o tempo, vários relatos na literatura médica confirmaram que há relação direta entre a infecção por Covid-19 e a perda de fios. Isto assustou muitos pacientes e tornou-se o motivo número um de ida a consultórios dermatológicos.
A queda de cabelos por Covid-19 é uma queda temporária, algo que nós chamamos de eflúvio telógeno, semelhante ao que acontece em outras infecções, traumas, após cirurgias, pós-parto, e outras situações de estresse que levam à queda de cabelo. A boa notícia é que o eflúvio telógeno é autolimitado, e esse cabelo é recuperado depois de alguns meses, respeitando-se o ciclo de crescimento dos fios.
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Em infecções mais graves, essa perda de fios foi observada ainda nos primeiros 15 dias, muitas vezes durante a internação hospitalar. Porém, a apresentação mais comum é o início da perda aproximadamente dois meses após a infecção e permanecendo por mais dois a três meses, quando os fios começam a voltar naturalmente.
Outra observação que fizemos foi sobre a alteração na recuperação de pacientes que realizaram transplante capilar. Geralmente os fios implantados nascem três meses após a cirurgia, crescem um centímetro por mês, e o resultado final leva por volta de um ano para aparecer. Nos pacientes que tiveram Covid-19 no pós-operatório, observamos um atraso nesta evolução, com resultado final mais tardio.
A perda de fios ocorre de forma difusa, não somente no topo da cabeça, mas também nas áreas laterais posteriores, e acomete tanto homens como mulheres. É importante salientar que nós observamos também um aumento da queixa de queda de cabelo também em pessoas que não foram infectadas pelo coronavírus, principalmente durante o primeiro período de lockdown, associado ao estresse da situação, que afeta a saúde capilar.
Embora os fios voltem de forma espontânea, existem tratamentos que podem acelerar este processo de crescimento. O ideal é o paciente fazer uma consulta com um dermatologista, de preferência que tenha foco no tratamento de alterações do cabelo e couro cabeludo, para fazer um diagnóstico e ter um protocolo de tratamento e acompanhamento adequado.
Márcio Crisóstomo é cirurgião plástico formado no Instituto Ivo Pitanguy, especialista em Transplante Capilar nos Estados Unidos pelo American Board of Hair Restoration Surgery, com pós-graduação em Surgical Leadership pela Harvard Medical School.
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