A obesidade infantil virou um tema frequente com o enfrentamento da pandemia da Covid-19.
O fechamento das escolas trouxe uma realidade nunca vista antes na esfera infantojuvenil.
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O confinamento das crianças em suas casas com a restrição de exercícios físicos, aliados ainda ao estresse emocional da situação vivenciada, acentuou a curva do crescimento da obesidade infantil de forma geral.
No entanto, em que pese a pandemia ter sido um momento em que se mirou os olhos para o problema com foco nas crianças, sabemos que os pais são o fator mais importante no peso e nos hábitos alimentares de seu filho.
Uma pesquisa feita pela Peninsula Medical School, em Plymouth, na Inglaterra, publicada na revista científica “International Journal of Obesity”, com 226 famílias, concluiu que mães obesas apresentaram dez vezes mais probabilidade de ter filhas obesas. Entre pais e filhos, a probabilidade foi seis vezes maior. Já nos dois casos, crianças do sexo oposto não foram afetadas.
Com essa pesquisa, chegou-se à conclusão de que o vínculo não é de cunho genético e sim de comportamento, recomendando-se reformulação nas estratégias de saúde pública. Ou seja, as filhas espelhavam-se no comportamento da mãe e o filho, no do pai.
A preocupação dos pesquisadores é concentrar os cuidados nos pais, pois, adultos obesos geram crianças obesas. Os hábitos domésticos são primordiais para a manutenção da saúde da família como um todo e em especial, na saúde dos filhos.
A criança não tem o poder de trazer para dentro de casa, por exemplo, alimentos ultraprocessados, refinados ou açucarados. Quem assim o faz são os adultos e, com isso, fomentam um hábito errôneo dentro do ambiente familiar.
A obesidade na infância está associada a um risco aumentado de múltiplos distúrbios, como diabetes, doenças cardiovasculares, cânceres, entre outros, além da possibilidade de morte prematura na vida adulta.
Estudos dos mais variados tipos revelam que o hábito dos pais determina a saúde do filho. Isso é fato! Não podemos fechar nossos olhos para isso.
A mudança deve partir do adulto, pois a criança espera um exemplo para si e com isso, reproduz em sua vida tudo aquilo que aprendeu dentro da sua casa.
Um outro estudo interessante liderado pelo Dr. Qi Sun, professor de Nutrição da Universidade de Harvard, traz a relação do comportamento da mãe, sendo que este está ligado diretamente à propensão dos filhos se tornarem obesos.
Mães com hábitos saudáveis têm menos chances de terem filhos obesos.
Esse estudo concluiu que: “A adesão a um estilo de vida saudável das mães durante a infância e adolescência de seus filhos está associada a um risco substancialmente reduzido de obesidade nas crianças. Esses resultados destacam os benefícios potenciais da implementação de intervenções multifatoriais baseadas na família ou nos pais para reduzir o risco de obesidade infantil”.
O caminho a ser traçado para os nossos filhos está nas nossas mãos e deve ser trilhado de maneira constante, reproduzindo hábitos saudáveis, como os alimentares, e também a prática de exercícios físicos regulares.
A mudança, mesmo que seja mínima, mas para melhor, já é capaz de causar um grande impacto na saúde das crianças e por consequência, da família como um todo.
Eduardo Rauen é médico formado pela Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE). Integra o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein. É médico nutrólogo (com título de especialista pela ABRAN – Associação Brasileira de Nutrologia) e do Exercício e do Esporte (com título de especialista pela SBMEE – Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte). Também atua como diretor técnico do Instituto Rauen – Medicina, Saúde e Bem-estar.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
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