Hoje gostaria de retomar um tema que me ocupou desde que saí da presidência do centro acadêmico 22 de agosto para fundar o Fórum das Américas (inaugurado por Robert Kennedy, então senador por New York).
Escrevi um livro em 2013 com o mesmo título deste artigo. Assim, se heresias houve, são pelo menos coerentes e consistentes ao longo de 60 anos de teimosias, sucessos e decepções por não ver ainda o Brasil alçar-se na área das nações como player respeitado.
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Se lembrarmos que a primeira Assembleia Geral das Nações Unidas foi presidida pelo então chanceler Osvaldo Aranha, e de lá até hoje são os presidentes do Brasil que fazem o discurso de abertura dessas assembleias, é de se espantar que não tenhamos um lugar permanente no Conselho de Segurança, bem como jamais tivemos um secretário-geral.
Quando recebi de Kofi Annan, então secretário-geral, o convite para fundar a Associação das Nações Unidas do Brasil, logo busquei nomes representativos para integrá-la: Michel Temer, José Gregori, Carmen Lúcia A. Rocha, Elisa Guerra Malta Campos, Ricardo Lewandowski, que escreveu seus estatutos, e mais uma centena de homens e mulheres da mesma estirpe. Através das Nações Unidas, quis mandar ao mundo a mensagem de interesse político e social de continuar, na área cível, o trabalho tão eficiente e presente do Itamaraty. Creio que hoje poderíamos ocupar mais cargos diretivos nas instituições multinacionais pelo histórico de um país sem conflitos internos e externos.
Move-me agora o desejo de rever algumas posições brasileiras neste mais de meio século, no qual modestamente me inseri no esforço de abrir caminhos novos nas áreas acadêmica, empresarial e política, realçando o papel de liderança de um país com o cabedal de realizações em prol da paz e do entendimento entre os povos.
A voo de pássaro, vou tentar dar tintas a uma lapidar história, nem sempre bem compreendida por nós mesmos brasileiros, o que prejudica nossas ações internacionais.
Na Segunda Guerra Mundial, estivemos ao lado das forças democráticas e ajudamos, com nossa participação na Itália, a vitória das democracias ocidentais. Cito a abertura para a China e para países do Oriente, impulsionada pelo agronegócio brasileiro, sem subsídios e alimentando mais de 1 bilhão de pessoas com nossa tecnologia aperfeiçoada desde a criação da Embrapa.
Abrimos agora as asas, e o faremos ativo, o acordo Mercosul /União Europeia, mesmo com uma posição dúbia da Argentina e da França, por coincidência nossos maiores concorrentes no agronegócio.
Temos ainda a oportunidade de nos inserir no projeto ASEAN com países como Tailândia, Camboja e Vietnã. Também são de grande interesse países como Japão, Austrália e Nova Zelândia, parceiros importantes em potencial para acordos diretos com o Brasil. Ainda na Europa, destaque para Rússia, Ucrânia e, em especial os membros da EFTA, como a Suécia, Noruega, Islândia e o Liechtenstein, países de grande tradição e peso político. No Oriente Médio e Golfo Pérsico, grandes potências econômicas e políticas nos esperam de braços abertos – além da Turquia.
“O item básico do Brasil em seu relacionamento com o mundo foi, e será sempre, a construção de pontes para harmonizar posições divergentes e a busca da liberdade econômica e política neste relacionamento duradouro.”E, com certeza, os países do Caricom (Comunidade do Caribe), cujos primeiros passos foram dados pelo presidente Reagan e pautados, por incrível que pareça, no exemplo da Sudene brasileira, levada pelo então secretário de Estado George Schultz, após uma visita ao Brasil.
O item básico do Brasil em seu relacionamento com o mundo foi, e será sempre, a construção de pontes para harmonizar posições divergentes e a busca da liberdade econômica e política neste relacionamento duradouro.
Mario Garnero é Chairman do Grupo Garnero e presidente do Fórum das Américas
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