Devo me casar com aquela pessoa? Aceito aquela proposta de emprego? Será que é a hora de mudar de cidade? Que tal investir nesse negócio? Deixo meu filho ir estudar longe sozinho?
Nossa vida é cheia de pequenas e grandes decisões. Algumas delas nos colocam em verdadeiros dilemas. Há escolhas que impactam tanto a nossa rotina que se revelam verdadeiras decisões de vida. E os riscos envolvidos nos enchem de ansiedade e preocupações. É justamente nessas situações que a nossa essência mais aparece.
Saber tomar decisões é uma arte difícil. Não estou falando sobre aquela dúvida que ficamos entre pedir um Big Mac ou um Quarterão no almoço, mas sobre as bifurcações que podem mudar o nosso futuro. Momentos que tiram o nosso sono porque não são tão simples quanto escolher entre o obviamente certo e o claramente errado. São cenários complexos que envolvem sacrifícios e incertezas.
Alguns anos atrás, o prêmio Nobel reconheceu o trabalho do economista Richard Thaler, que provou que as emoções afetam muito as nossas decisões. É isso que explica o efeito manada na bolsa de valores ou outros contextos em que não somos perfeitamente racionais.
É curioso pensar que a mesma pessoa pode tomar decisões diferentes se, antes de escolher, tiver encontrado uma nota de R$100 na rua e se sentir sortuda naquele dia, por exemplo. Isso a deixa mais propensa a tomar riscos. Nosso humor, estado de espírito e emoções conseguem embaçar nossa visão e nos empurrar para um modo de ação menos racional. E isso pode afetar nossas decisões.
Uma das soluções para este problema está em nos prepararmos bem para as situações mais críticas. A ciência mostra que há momentos do dia em que conseguimos ponderar melhor as coisas como se o cérebro estivesse mais atento. Experimentos mostraram que, ao final de um dia de trabalho, quando já tomamos centenas de pequenas e grandes decisões, a tendência é que nosso cérebro, já com a energia baixa, tome atalhos e que a decisões sejam piores.
E também temos sempre uma excelente possibilidade de pedir conselhos, escutar pontos de vista diferentes e, com isso, formar uma opinião mais embasada. Mas aqui faço uma pausa. Porque pedir ajuda para pessoas despreparadas comumente resulta em um dos conselhos mais ouvidos da história: “siga seu coração”. Quem nunca foi incentivado a “ouvir sua intuição”, “usar seu sexto sentido” ou “fazer o que o seu coração manda”? E é nessa hora que a coisa pega.
Imagine essa situação: você tem uma bomba pronta para explodir na sua mão e tem 2 opções de fios para cortar e tentar desarmá-la. Você prefere usar os seus impulsos ou pedir ajuda de um especialista antibombas para te ajudar a escolher?
Quero deixar claro: tenho convicção de que nossos instintos são importantes. Mas eles são parte da equação. Precisamos tomar muito cuidado porque nosso coração é enganoso. Escolhas importantes merecem uma boa dose de reflexão e sabedoria. Se você quer tomar boas decisões, preste atenção à forma como decide. Costumo dizer que “o coração da decisão é mais importante do que a decisão do coração”. Mais valioso do que acionar os seus impulsos é checar as suas intenções. Pergunte-se “por que” você está preferindo uma coisa versus a outra. Confirme se essas motivações batem com os seus valores pessoais e com as suas prioridades de vida. E peça orientação de bons conselheiros.
A decisão mais correta não é necessariamente a que traz mais dinheiro, a que gera menos dor ou a que deixa o coração mais animado por um momento, mas sim a que deixa a nossa consciência em paz.