O que uma resolução da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre animais selvagens tem a ver com as fazendas no Brasil? Recentemente foi aprovada uma legislação para o bem-estar dos animais e eu vejo isso com muitos bons olhos se não for interpretada de forma radical, impedindo a efetiva aplicação do bem-estar animal à campo.
E trazendo esse tema para a nossa realidade da fazenda, há um ponto que pouco falamos, o papel de proteção da fauna que também temos realizado. Eu participo da gestão direta há 20 anos e hoje eu vejo muito mais espécies do que eu via anteriormente. E acredito que o agro cada vez mais deve se apropriar desse tema e mostrar o que ele faz para melhorar toda essa relação. Com a postura de convivência com os animais e como fazer tudo isso cumprindo com o nosso código florestal, que é um dos mais rígidos do mundo.
LEIA TAMBÉM: Entenda a importância do bem-estar único para animais, humanos e ambiente
Eu vou dar um exemplo muito prático, nós cercamos todas as áreas de reserva ou APP’s (Áreas de Preservação Permanente) para evitar que os animais domésticos entrem no ambiente dos animais selvagens. E o custo disso é bem alto.
Ver essa foto no Instagram
Além disso, todo esse espaço de proteção é monitorado constantemente para evitar invasões e focos de incêndio (muito comuns na época da seca). E eu vejo hoje uma melhor relação entre os homens e os animais com a proibição da caça, desestimulação de ações predatórias prejudiciais, como também uma maior conscientização sobre os hábitos e a importância de cada espécie.
Na fazenda, nos reunimos para falar sobre onças, antas e outros animais. Então, o tema animal silvestre também é do agro. Por uma obrigação legal, por uma conscientização, mas também por sabermos do nosso papel de cuidar de todo esse ecossistema.
Carmen Perez é pecuarista e entusiasta das práticas do bem-estar animal na produção animal. Há 14 anos, trabalha intensivamente a pesquisa na fazenda Orvalho das Flores, no centro-oeste do Brasil, juntamente com o Grupo Etco, da Unesp de Jaboticabal e universidades internacionais. Foi presidente do Núcleo Feminino do Agronegócio (NFA) em 2017/2018.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.