Encerrei um negócio de 13 anos e, no processo de tomar essa decisão, aprendi a minha maior lição sobre empreender. Levando em consideração que metade das empresas morrem em até cinco anos, posso afirmar que o negócio que encerrei foi um negócio bem-sucedido. Não só por isso, mas também porque esse negócio deu lucro TODOS os meses durante seus treze anos de existência. São mais de 156 meses gerando receita e lucro, algumas dezenas de milhões de reais de faturamento. Isso com um único negócio, 100% digital e com uma equipe mega enxuta.
Não. Eu não sou louca de encerrar um negócio lucrativo e consolidado, por mais que pareça exatamente isso à primeira vista (e eu mesma tenha acreditado nisso por um bom tempo). Encerrar um negócio é uma das decisões mais difíceis para um empreendedor, e vários fatores podem estar ligados à essa decisão. Vou te explicar os meus motivos e o que isso tudo me ensinou sobre empreender. Quem sabe esse relato não te ajude tanto quanto me ajudou…
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Comecei a loja Isabela Matte, um e-commerce de moda feminina, quando eu tinha apenas 12 anos de idade. Foi através dele que me tornei empreendedora, por mais que no começo eu nem soubesse muito bem o que isso significava. O sonho de ter esse negócio era o sonho da Isabela pré-adolescente. E perseguir esse sonho me transformou na Isabela que sou hoje, além de ter dado frutos maravilhosos durante o processo. Mas, a Isabela de hoje, com 25 anos, dois filhos e mais três negócios rodando, não tem o mesmo sonho daquela adolescente de mais de uma décadas atrás.
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Desde que criei meu negócio no ramo da educação, senti uma chama dentro de mim. Esse negócio me mostrou que meu grande sonho como empreendedora era cumprir o que eu já fazia desde muito criança: ensinar. Eu já lia e escrevia com três anos de idade. Na aula, eu pedia para ajudar a professora a escrever no quadro negro. Queria ensinar o que eu sabia para meus coleguinhas de turma. Eu também queria separar os colchões na hora da soneca, ensinar músicas sobre alfabetização, ajudar a organizar a fila na hora do lanche e ser praticamente uma professora auxiliar.
Na adolescência, ajudava meus amigos com lição de casa ou ensinava a matéria que tinha sido passada, emprestava meu caderno para pegarem anotações e questionava os professores a aula toda, com minhas perguntas que nem sempre eram bem recebidas. Antes mesmo de pensar sobre o que eu queria ser na vida, eu já era uma educadora. Já ensinava o que eu sabia para quem precisasse ou pedisse. E eu amava fazer isso, por mais que não me imaginasse como uma professora na sala de aula.
Depois de criar meu primeiro negócio, passei a ajudar pessoas próximas com o que eu tinha aprendido sobre empreender. Quando me tornei influenciadora, passei a auxiliar colegas de profissão sobre o que dava certo e o que não dava, dando dicas de como se profissionalizar, prospectar melhor as publicidades e negociar.
Quando comecei a palestrar, com 16 anos, decidi que minhas palestras seriam como aulas. Não seriam apenas motivacionais e sem um plano a seguir. Aquela coisa que te anima, mas não te fornece o próximo passo. Eu apresentada um método para pôr em prática o que eu estava falando e oferecer um passo a passo prático para quem estivesse ouvindo.
Instintivamente eu sempre ensinei. Mas foi só quando eu criei uma empresa de educação que vi que isso poderia ser mais do que uma “característica minha”. Meu futuro precisa ser parecido com o que eu sou hoje, e eu sou uma educadora. Eu ensino as pessoas e amo fazer isso do jeito mais criativo, objetivo, prático e simples possível. E foi aí que comecei a minha jornada de decidir encerrar meu negócio de roupas e ser fiel à Isabela de hoje.
Eu fui fiel à Isabela de 12 anos durante mais de uma década, segui seu sonho, fiz o possível e impossível para realizá-lo. Sofri bullying e continuei, fui ridicularizada e continuei, sofri hate online e continuei, tudo para manter vivo aquele sonho. Mas, quando descobri que aquele sonho não era mais meu, precisei ter coragem o suficiente para superar o medo do novo. Deixar de ser fiel à Isabela do passado e ser fiel à Isabela de 25 anos. Não deixar seu sonho morrer e fazer o possível e impossível para atingi-lo.
É isso que estou fazendo. O processo de encerrar um negócio é assustador, triste, angustiante, cheio de burocracias, planilhas, medo e pessoas dizendo que você é louco. É exatamente por isso que exige tanta coragem. No meu caso, uma coragem que foi construída por três anos. Coragem de ser mal falada, de especularem, da opinião pública, de cometer um erro. Eu consegui e, além de receber muito mais amor e compreensão do que imaginei, ainda estou fechando esse negócio com um caixa gigante e uma sensação de dever cumprido.
A maior lição que eu aprendi nisso tudo é que coragem não é ficar naquilo que é confortável e conhecido, e sim ser fiel ao sonho que mora dentro de você. É saber qual é o seu sonho do presente, e não se deixar ser definido pelo passado ou pelo futuro. Coragem é fazer o que você sabe que tão desesperadamente quer fazer, apesar do medo. É se preparar, agir com calma e racionalidade, mas é agir.
A segunda lição (eu sei que disse que seria só uma), é que o seu sonho pode mudar. No seu processo de evolução e amadurecimento, você pode se permitir sonhar algo diferente para você e para a sua vida. E, por mais que seu sonho seja ambicioso demais, como o meu de ter a maior escola do digital do país é, quando você monta um plano e age mirando nesse sonho, por mais que você nunca o realize, você com certeza colherá grandes conquistas no processo.
Eu não tinha o sonho de vender minha empresa de roupas, eu tinha o sonho de vestir meninas ao redor do Brasil, de fomentar o empreendedorismo jovem e ganhar dinheiro com isso. Eu realizei esse sonho. Ponto final.
Agora, miro frente a um novo grande sonho, que já estou realizando com garra, determinação e muitas horas de trabalho. Já comecei 2024 com mais alunos do que no ano de 2023 inteiro. Isso é o que trabalhar mirando no seu sonho te proporciona: crescimento, conquistas e realização.
Não sei o que você está passando hoje, qual é a fase do seu negócio ou da sua vida. Mas sei que você tem um sonho. Ouça ele, monte seu plano e vá atrás. Seja corajoso e fiel a si mesmo.
Um beijo, e até semana que vem!