A onda de lives e vídeos NPCs no TikTok, que remetem a Non Playable Character – em tradução literal para o português Personagem Não Jogável –, vem gerando diversas críticas em relação ao teor do conteúdo. O tema se espalhou pela possibilidade de os criadores remunerarem os vídeos. No entanto, ante a repercussão negativa, o TikTok começou a notificar usuários da plataforma sobre as NPCs. Muitos deles postaram o aviso que receberam com advertências. A plataforma vai restringir “vídeo repetitivo, não autêntico e degradante para induzir os espectadores a enviarem recompensas”. A interação em troca de presentes tem gerado até R$ 50 mil por dia para alguns tiktokers, no entanto, a prática tem sido considerada nociva e degradante por especialistas.
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“Muita gente tem apontado para a ‘fetichização’ de corpos femininos e sexualização de meninas nas live de NPC, especialmente por conta do controle sobre o corpo do outro. Da minha perspectiva, outro ponto de atenção é o ecossistema do mercado de criadores de conteúdo e os aspectos de monetização. Quais são os limites para monetizar-se a si mesmo, numa lógica do ‘sujeito como mercadoria’? Parece que estamos testemunhando novos acordos morais em jogo, bastante alinhados às demandas das plataformas e às promessas de dinheiro fácil em um momento em que o país se recupera de diversas crises econômicas”, destaca Issaaf Karhawi, pesquisadora em comunicação digital do Com+, núcleo de pesquisa de comunicação e mídias digitais da USP.
4 tendências do TikTok que influenciam outras redes sociais:
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Getty Images Disseminação do social health
Os conteúdos sobre a ‘vida real e sem filtros’ estão ganhando força nas mídias e isso é uma consequência do aumento da ansiedade entre os jovens. “70% das pessoas disseram que o Instagram fez com que eles se sentissem pior em relação à própria imagem. Apenas esse dado mostra o quanto as plataformas têm um poder gigante sobre a percepção da realidade dos indivíduos e o debate ganha novas camadas quando entramos em problemas de ordem psicológica. O social health vem como uma saída para mostrar que o que é apresentado é apenas um recorte de um todo que, como tudo na vida, não é perfeito”, explica Caio.
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Getty Images Consolidação das plataformas de conteúdo
Segundo o executivo, as redes sociais deixaram de assumir o papel de conexão e passaram a ser plataformas de consumo de informação e conteúdo. “Essa tendência pode ser entendida como uma adaptação das mídias digitais ao comportamento da Geração Z. Por serem nativos digitais, eles desejam consumir informações de uma forma mais rápida e olhar para conteúdos que estão de acordo com a sua realidade. As marcas, como propulsoras das principais pautas presentes na sociedade, devem se adaptar a essa característica e não usar as redes sociais apenas como vitrines de seus produtos e soluções, mas estarem a serviço de algo bem maior”, conta Machado.
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Getty Images Ampliação da creator economy
Para garantir a influência, nada melhor do que apostar no engajamento de pessoas que já estão, de certa forma, consolidadas entre o público potencial que as empresas desejam atingir. “Mais de 80% das pessoas já comprou algo indicado por influenciadores e 63% confiam muito mais quando essas personalidades dizem algo sobre uma marca. As empresas já não podem mais ignorar o poder da economia dos criadores de conteúdo e devem adotar estratégias, de acordo com os objetivos de negócio, que atendam a ações nesse sentido”, complementa o executivo.
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Getty Images Plataformas assumindo papel de buscadores
Caio explica que essa tendência tem relação direta com a expansão da creator economy e que, cada vez mais, as pessoas vão recorrer às redes sociais para buscar por produtos, reviews e dicas. “87% dos consumidores já fazem compras online e outros 75% usam as plataformas para buscar produtos. O papel que antes era assumido pelas próprias ferramentas de busca, hoje é incorporado pelas mídias. Isso se reflete, inclusive, na mudança das interfaces das plataformas e surgimento de termos e políticas para empresas que realizam vendas diretamente por esses meios”, finaliza.
Disseminação do social health
Os conteúdos sobre a ‘vida real e sem filtros’ estão ganhando força nas mídias e isso é uma consequência do aumento da ansiedade entre os jovens. “70% das pessoas disseram que o Instagram fez com que eles se sentissem pior em relação à própria imagem. Apenas esse dado mostra o quanto as plataformas têm um poder gigante sobre a percepção da realidade dos indivíduos e o debate ganha novas camadas quando entramos em problemas de ordem psicológica. O social health vem como uma saída para mostrar que o que é apresentado é apenas um recorte de um todo que, como tudo na vida, não é perfeito”, explica Caio.
O que é NPC?
NPC é o centro de uma nova trend do TikTok que está fazendo sucesso na rede social. Trata-se de transmissões ao vivo em que os participantes se vestem e se comportam como personagens não jogáveis de games, interagindo com os outros de forma robótica e repetitiva. A sigla NPC vem do inglês “non-playable character”, que significa “personagem não jogável”. Nos games, os NPC são personagens que não podem ser controlados pelo jogador. Eles geralmente têm um comportamento predefinido e repetitivo, e são usados para fornecer informações ou completar tarefas para o jogador.
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Nas lives de NPC, os participantes se vestem e se comportam como esses personagens. Eles costumam usar roupas simples e sem expressão, e falam com uma voz monótona. As interações entre os participantes também são repetitivas e sem sentido, o que dá um ar de artificialidade à cena. A trend começou no Canadá, mas rapidamente se espalhou pelo mundo. No Brasil, ela já conta com milhares de participantes, incluindo influenciadores digitais e celebridades. O fenômeno tem sido criticado por alguns usuários, que a consideram uma forma de alienação e escapismo. Outros, no entanto, a veem como uma forma de humor e expressão criativa.
Como funciona a trend?
Para participar da trend, os usuários precisam se vestir e se comportar como personagens não jogáveis de games. Eles podem usar roupas simples e sem expressão, e falar com uma voz monótona. As interações entre os participantes também devem ser repetitivas e sem sentido. As lives de NPC são geralmente transmitidas no TikTok. Os participantes costumam usar hashtags como #NPC e #NPClive para que outras pessoas possam encontrar suas transmissões.
Por que a trend é popular?
A trend de NPC é popular por vários motivos. Um dos motivos é que ela é uma forma de humor. Os participantes costumam fazer piadas sobre o comportamento artificial dos NPC. Outro motivo é que a trend é uma forma de expressão criativa. Os participantes podem usar a trend para explorar novas formas de comunicação e interação. A trend também é popular porque é fácil de participar. Qualquer pessoa pode se vestir como um NPC e começar a transmitir uma live.