O fundador da Microsoft e bilionário Bill Gates está apoiando uma recém-lançada organização sem fins lucrativos que visa padronizar o setor de créditos de remoção de dióxido de carbono (CDR). A medida é significativa.
Afinal, o visionário empresário, que fomentou a corrida pela Inteligência Artificial (IA) ao dar suporte financeiro à OpenAI, criadora do ChatGPT, está agora de olho em uma indústria que pode gerar até US$ 100 bilhões (R$ 570 bilhões) por ano até 2030.
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Conforme informações na imprensa internacional, Gates apoiou a empresa de investimento climático Breakthrough Energy Ventures, tornando-se um dos primeiros defensores da remoção de carbono. No mês passado, a Microsoft fez um acordo para comprar 500 mil toneladas métricas de CDR da petrolífera norte-americana Occidental Petroleum. Não há informações sobre o valor da operação.
Esses créditos podem custar de US$ 400 (R$ 2.280) a US$ 630 (R$ 3.591) por tonelada de carbono, relatou o Financial Times. Além disso, no início deste ano, uma startup de CDR apoiada por Gates também entrou em operação no Arkansas (EUA) com a meta de remover 15 mil toneladas métricas de dióxido de carbono da atmosfera até o fim deste ano.
Já a Microsoft tem como meta tornar-se carbono negativa até 2030. No entanto, esses esforços foram colocados em xeque. Em maio, a gigante de tecnologia disse que suas emissões aumentaram 30% desde 2020. Isso porque houve uma ampliação de seus data centers para dar suporte ao seu impulso de IA.
Padrão de remoção
A Breakthrough Energy Ventures ajudou na formação da Iniciativa de Padrões de Remoção de Carbono (CRSI, na siga em inglês). A proposta da CRSI é ajudar os formuladores de políticas a quantificar padrões para a remoção de dióxido de carbono (CDR) de uma maneira “rigorosa e baseada na ciência”.
“A remoção de carbono é um bem público, e os padrões de remoção serão amplamente definidos por políticas e regulamentações”, disse a fundadora do CRSI, Anu Khan, no lançamento da iniciativa na última terça-feira (6).
O maior obstáculo aos esforços mais vigorosos de remoção de carbono tem sido a falta de investimento e recursos necessários para impulsionar a indústria. Segundo um órgão de governança independente do setor, um terço de todos os créditos de carbono não pode ser classificados com o selo de “alta integridade”.
Para o Conselho de Integridade para o Mercado Voluntário de Carbono (ICVCM), isso cria novos problemas para o mercado de compensação de emissões. Ferramentas como créditos de carbono enfrentam desconfiança em meio a preocupações de que estariam se tornando em uma nova forma de “greenwashing” para empresas intensivas.
Segundo Danielle Mendes, pesquisadora do Centro de Estudos de Carbono em Agricultura Tropical, da Universidade de São Paulo (USP), o maior perigo da chamada “maquiagem verde” é dar uma faceta sustentável a empresas ou governos sem, de fato, o serem. Ao contrário, são a antítese do que se esperaria em termos de sustentabilidade e do “selo verde”.
Para ela, que também é especialista em Direito Comercial e Ambiental Internacional, a natureza deve ser considerada a aliada mais forte na luta contra as mudanças climáticas. “Soluções baseadas na natureza armazenam dióxido de carbono e protegem contra desastres naturais. No entanto, salvaguardas e padrões eficazes são essenciais para alcançar esses benefícios”, diz.
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Por isso, a padronização eficaz poderia dar um grande impulso ao fluxo de fundos para projetos de CDR, dada a falta de transparência que atormenta a indústria de carbono há anos. Conforme estimativas da Universidade de Oxford, o mundo precisa remover entre 7 bilhões e 9 bilhões de toneladas de dióxido de carbono da atmosfera por ano até 2050 para cumprir a meta de evitar ultrapassar o limite de aquecimento global.
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(Com agências internacionais)