Quantas vezes você já escutou que alguém teve uma “ótima ideia”? Muitas vezes, provavelmente. De fato, se existe algo que nós, brasileiros, temos de sobra é criatividade. Só que nem sempre ela é sinônimo de inovação e suficiente para ser estruturada em um modelo de negócio competitivo, rentável e duradouro, como uma startup. A pandemia de Covid-19 comprovou que não precisamos apenas de “boas ideias”, mas sim de ideias que resolvam algum problema ligado aos desejos da maioria das pessoas, que seja percebido como falta, dificuldade ou aspiração, além de uma excelente execução.
Por conta disso, muitas empresas fecharam nesse período de instabilidade da economia. De acordo com o IBGE, mais de 700 mil delas não sobreviveram à crise gerada pelo novo coronavírus. E muito disso aconteceu pelo desalinhamento entre a proposta de valor e o interesse do mercado, que ficou mais evidente com o distanciamento social imposto pela pandemia.
Em um momento delicado para todos, compartilhar ideias e soluções se tornou fundamental para as empresas continuarem operando. Para solucionar, ou pelo menos minimizar, os efeitos causados pela crise da Covid-19, diversas companhias se uniram em prol de um mesmo objetivo: ajudar as pessoas e seus ecossistemas de consumidores, ofertantes e prestadores de serviços.
Podemos citar alguns exemplos importantes desse movimento de união que surgiu nesses últimos quatro meses. A Loggi, por exemplo, uniu-se uniu à Cielo para combinar os serviços de entrega e pagamentos para milhões de comerciantes. A Rappi se juntou à Linx para expandir a oferta de produtos e entregas por meio do aplicativo. O iFood se alinhou à Rede para antecipar o repasse das vendas para os restaurantes. E a OLX e o Bradesco fizeram uma parceria para oferecer financiamentos de imóveis de forma 100% digital.
Esses são exemplos claros de que no ecossistema de inovação o empreendedor deve ter a cabeça aberta e pesquisar inovações, conceitos, tendências em todos os cantos do mundo, em diversos segmentos de mercado, e não ficar preso ao que já está estabelecido. Precisa, ainda, ter a capacidade de executar seu plano com poucos recursos, sejam eles de capital financeiro ou humano.
E, vejam, essa característica do empreendedorismo ligado à inovação é muito semelhante – ou deveria ser – ao objetivo de qualquer governo. Com pouco caixa e sempre buscando resolver problemas, os governos se esforçam para prover soluções à população.
Além desses ótimos exemplos de união para os negócios, a economia digital também deveria se unir em torno das políticas públicas para o Brasil. Se as principais empresas do setor se juntarem para ajudar o poder público com temas como o uso da tecnologia, digitalização, qualificação de pessoas, inserção no mercado de trabalho, desburocratização e concorrência, certamente teremos mais negócios e novas soluções para o desenvolvimento do país. O Brasil precisa de mais dados, pesquisas e inovação nos governos.
Vitor Magnani é presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O) e do Conselho de Comércio Eletrônico da Fecomercio/SP. Professor da FIA e especialista em Relações Institucionais e Governamentais
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