Não é novidade que a tecnologia tomou conta de todos os setores da vida humana. Mas a sensação de estarmos online praticamente todo o tempo nos faz sentir e agir muitas vezes sem notar propriamente a conectividade. Só paramos para refletir quando sentimos falta dela, em uma sensação análoga à que temos com a energia elétrica, por exemplo.
Mas a pandemia está ajudando a repensar a forma como olhamos para a conectividade. Especialmente porque aparelhos conectados, dotados de funcionalidades como inteligência e análise de dados, podem ajudar a conter o contágio em locais ou momentos que demandam a interação de muitas pessoas.
Pulseiras inteligentes estão entre alguns desses elementos. Elas estão ajudando a resolver dores que existem desde as quadras de esporte até grandes fábricas que precisam manter suas operações funcionando.
Uma das primeiras aplicações da pulseira inteligente veio no ano passado, durante a temporada 2019-20 de basquete da NBA. Os jogos foram suspensos por mais de 140 dias depois que um jogador testou positivo para o Covid. Mas assim que os jogos foram retomados no final de julho o acessório foi implantado. Aliado aos cuidados da OMS, a pulseira apresentou resultados importantes e ajudou a conter o contágio.
Jogadores, treinadores e repórteres cobrindo as equipes também passaram a adotar o bracelete que, equipado com um minúsculo chip, emitia um aviso por luz e som quando os portadores ficavam muito próximos uns dos outros por muito tempo. Além disso, armazenavam informações sobre o círculo de pessoas com quem o portador teve contato nos dias e semanas anteriores. Isso ajudava a dar visibilidade sobre eventuais pessoas a serem avisadas em caso futuro de Covid positivo, recomendando isolamento, por exemplo.
Por trás dessa tecnologia está a startup alemã Kinexon de acessórios conectados aplicados especialmente ao esporte. Com o primeiro resultado comprovado nas quadras no ano passado, a empresa agora está focada em atingir públicos mais amplos, como as linhas de produção de fábricas, armazéns e centros de logística, onde milhões de pessoas continuam trabalhando.
Uma das empresas que trabalha com a Kinexon é a Henkel, fabricante global de produtos químicos industriais e domésticos com sede na Alemanha. Quando o coronavírus infectou mais de 10 trabalhadores na fábrica da Henkel na Sérvia na metade do ano passado, a paralisação de duas semanas que se seguiu custou milhões de dólares em receita perdida, disse Wolfgang Weber, gerente sênior da Henkel em entrevista recente à imprensa norte-americana.
Mas essa não foi a única tecnologia que cresceu na frente de combate à Covid. Durante a pandemia a utilização de soluções tecnológicas foi acelerada. Apple e Google desenvolveram uma ferramenta capaz de notificar, por meio do celular, se houve algum contato com infectado pelo Sars-CoV-2. Os avisos são emitidos quando o Bluetooth do aparelho identifica a proximidade de uma pessoa contaminada.
A empresa Qventus desenvolveu um algoritmo que consegue prever a evolução do surto e a capacidade necessária para atendimento aos novos casos pelo sistema público de saúde nos Estados Unidos. Mais próximo da prática médica, um sistema baseado em inteligência artificial está sendo utilizado para rastrear tomografias pulmonares e ajudar os médicos a priorizarem novos casos de Covid-19 no Hospital Zhonghan, na China.
E do lado de hardware, com o déficit de suprimentos médicos, a tecnologia de impressão 3D foi utilizada para atender parte da demanda. A tecnologia passou a ser utilizada para produzir desde protetores faciais até auxiliar na produção de ventiladores mecânicos.
Globalmente as campanhas de vacinação estão avançando, mas isso não significa que inovações aplicadas à saúde devem parar por aí, pelo contrário. Recentemente falei sobre as femtechs e as oportunidades para startups na área de saúde da mulher. E além desses, outros setores dentro do macro segmento de saúde – ou das healthtechs – são imensamente promissores, desde que as empresas consigam se mover rapidamente para atender as necessidades do mercado e colocar seus atuais e potenciais clientes no centro de sua estratégia.
Camila Farani é um dos “tubarões” do “Shark Tank Brasil”. É Top Voice no LinekdIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.