Há quase um ano, a pandemia de Covid-19 pegou todo mundo de surpresa. Muitos estabelecimentos não estavam preparados para o fechamento compulsório do comércio físico, mas teve um setor que se destacou no uso de ferramentas digitais para continuar operando: o delivery online de comida.
Uma pesquisa realizada pelo Sebrae em parceria com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) aponta que, antes da pandemia, cerca de 54% dos empresários brasileiros já usavam o delivery em seus negócios. Com as restrições impostas pela crise sanitária, esse percentual subiu para 66%. As padarias foram as que tiveram o maior aumento: 36% antes da crise frente a 61% durante a quarentena. A pesquisa revela também o aumento da adesão aos aplicativos de entrega, uma vez que 25% dos negócios já estavam nas plataformas digitais. Agora, cerca de 72% estão operando dessa forma.
Outro levantamento interessante, desta vez da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O), identificou aumento de 100% na média da procura por novos cadastros de entregadores nos aplicativos. O estudo comparou o pico de novos cadastros pré-pandemia (janeiro e fevereiro) com os primeiros meses da pandemia (março, abril, maio e junho).
E para toda essa engrenagem de pedidos e entregas funcionar mesmo após a abertura dos estabelecimentos físicos, é importante que bares e restaurantes tenham o conhecimento básico do que é necessário para continuar vendendo online.
Se o empreendedor já utiliza um meio digital (site, rede social ou aplicativo) para a oferta de seus produtos, o primeiro passo é ter uma equipe com agilidade para atender às demandas que o estabelecimento receberá. Quem cuidará dos pedidos? Quem ficará responsável para ver se a entrega está ocorrendo da melhor forma?
Outro ponto importante é o posicionamento da marca no universo online. Ter boas imagens dos produtos oferecidos é um grande diferencial. Assim como é fundamental ter informações básicas, como descrições do cardápio, pratos e ingredientes. Todas essas comunicações precisam ser cativantes e chamativas. Lembre-se que o produto está competindo com uma série de outras opções do concorrente.
Ser claro e honesto com o cliente é outro ponto a ser levado em consideração. Caso o pedido atrase, avise ao consumidor. Não fique com receio. Ao enviar o produto, faça uma entrega personalizada, com embalagens, bilhetes e, se possível, um brinde. Isso fará com que você encante e fidelize o seu cliente.
Motive o consumidor a avaliar o serviço, pois muitas pessoas que compram pela primeira vez analisam esses comentários – ou seja, ter uma boa avaliação é condição essencial para conquistar novos clientes. E, quando o feedback for negativo, responda de forma respeitosa, peça desculpas e explique que o estabelecimento vai trabalhar para melhorar. Sempre que possível, tente fazer o envio de algo para se desculpar. Por fim, promoções sempre são uma ótima ferramenta de vendas, tanto para o ambiente físico quanto para o online.
Vale ressaltar também que o serviço de delivery não é apenas para restaurantes e bares. Com a pandemia, vimos diversos tipos de estabelecimentos, como pet shops, lavanderias, farmácias e lojas de roupas e de calçados aderindo à entrega em domicílio para continuar operando durante o período de isolamento social.
É preciso levar em consideração que a transformação digital veio para ficar. Mesmo pós-pandemia, estabelecimentos deverão manter as duas formas – física e online – funcionando perfeitamente para entregar a melhor experiência para o cliente. O delivery não é algo passageiro e o empresário que não olhar com bons olhos para essa oportunidade terá dificuldade para ter sucesso nos negócios.
*Vitor Magnani é presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O) e do Conselho de Comércio Eletrônico da Fecomercio/SP. Professor da FIA e especialista em Relações Institucionais e Governamentais para ecossistemas inovadores.
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