Vive-se um momento crucial, há cada vez mais um clamor para uma regeneração do planeta e uma necessidade de interdependência nos negócios.
Embora a prioridade imediata seja responder à crise da saúde, este momento também oferece uma oportunidade única para refletir sobre os motores fundamentais do crescimento e da produtividade que se degradaram ao longo da última década. É também um momento oportuno para modelar sistemas econômicos do futuro, modelos que não sejam apenas produtivos, mas também levem à sustentabilidade ambiental e à prosperidade compartilhada.
O Global Competitiveness Report Special Edition 2020: How Countries are Performing on the Road to Recovery, numa edição especial, se dedica a elaborar as prioridades para recuperação, renascimento e transformação dos novos sistemas econômicos, ou seja a economia do futuro, combinando os desafios da produtividade, do foco nas pessoas e nas relações com o planeta.
A edição especial, fomentada pelo World Economic Forum, analisa tendências históricas em fatores de competitividade, bem como o pensamento mais recente sobre as prioridades futuras.
Isto posto, é importante entender o ecossistema de inovação – motor fundamental – no contexto de uma nova agenda econômica para mercados crescentes, produtivos, sustentáveis e inclusivos, proporcionando oportunidades para todos, ou como queiram, mercados que demandam investimentos ESG.
Ecossistemas de inovação são um processo complexo que abrangem a geração de ideias, sua tradução em produtos e a comercialização desses produtos em grande escala. O sucesso desta progressão depende de vários fatores, como uma cultura empresarial que permeia o empreendedorismo, a assunção de riscos e a vontade de abraçar a mudança, um conjunto de regulamentos e normas administrativas que incentivam esta atitude, um forte setor de geração de conhecimento (universidades, centros de pesquisa e laboratórios) e a colaboração entre esses centros de conhecimento e negócios comerciais. A inovação pode ser direcionada com sucesso para aplicações particularmente valiosas para a sociedade (por exemplo, energia verde, educação e saúde).
Na análise do ambiente global de inovação, há um paradoxo. Se por um lado, houve uma evolução positiva da cultura inovadora empresarial na última década, por outro, houve uma estagnação de novas empresas e tecnologias inovadoras. A tecnologia está defasada, especialmente na capacidade de fornecer soluções para o consumo de energia, de emissões de CO² e de atender à demanda por serviços sociais inclusivos.
Para administrar tal complexidade, sugerem-se uma combinação imediata:
1. expansão de investimentos ESG;
2. aumento do capital de risco para P&D nas empresas;
3. fomento a difusão das tecnologias existentes que apoiam a criação de novas empresas e empregos nos “mercados emergentes”.
No longo prazo, a transformação se dará:
1. expandindo, ainda mais, os investimentos pacientes em pesquisa, inovação e invenção;
2. apoiando a criação de novos “mercados emergentes”; e,
3. pelo o incentivo dos conselhos de administração das empresas na adoção da diversidade, da equidade e da inclusão como ferramenta para aumentar a criatividade.
Considerando que a inovação se beneficia da interação de especialistas com diferentes visões ou experiências, inserir a diversidade, equidade e inclusão em toda a cadeia de inovação é, além de investimento ESG na veia, fundamental e estratégico para:
1. ampliar o pool de talentos potenciais nas empresas;
2. aumentar a capacidade de desenvolver novas soluções, vis-à-vis as necessidades da sociedade; e,
3. certificar-se de que todos os segmentos da sociedade participem de forma justa dos benefícios econômicos gerados pela inovação.
As empresas inovadoras, os capitalistas de risco e todos os atores relevantes do ecossistema de inovação devem fortalecer seus esforços para fornecer oportunidades iguais para mulheres inventoras, pesquisadores e empreendedores, e, da mesma forma, abordar qualquer forma de discriminação com base na raça, religião, deficiência e orientação sexual. Devem igualmente experimentar novas maneiras de fechar as lacunas de oportunidade em diferentes contextos socioeconômicos.
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa do Ceará.
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