Com a pandemia, donos de bares e restaurantes precisaram implementar canais de venda para sobreviver. Devido às medidas restritivas e ao medo dos clientes de irem aos estabelecimentos, o jeito foi se reinventar e usar a tecnologia para se conectar com os consumidores. Contudo, aplicativos e recursos não foram suficientes para evitar problemas. Aqueles que não contavam com uma boa gestão, não escaparam dos prejuízos.
Segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), desde o início da pandemia, cerca de 200 mil estabelecimentos já fecharam as portas. E aqueles que continuam operando, por sua vez, lidam com uma queda de 85% no faturamento. Para além do delivery online, o setor precisa pensar outras ações para a completa digitalização do segmento.
Um dos principais processos que exige tempo do empreendedor e gera inúmeros problemas é o de compras e abastecimento. Mesmo realizando cotações por diversos canais (telefone, WhatsApp, visitas de vendedores e idas a mercados), é comum enfrentarem muitas ocorrências nas entregas, erros nos pedidos, carência de apoio e ausência de um pós-venda. Além disso, a maioria não tem acesso aos grandes fornecedores e indústrias. Todo esse cenário contribui para que falte clareza ao empreendedor na hora de compreender o próprio negócio, solucionar os problemas, garantir uma boa operação, e, consequentemente, gerar lucro.
Atualmente, o setor de Food Service no Brasil é formado prioritariamente por pequenos empreendedores. Muitos deles não contam com capacitação para o gerenciamento de um negócio e precisam lidar diariamente com a complexidade da cadeia de suprimentos. Somente com uma boa gestão é possível analisar os dados e indicadores que permitem uma boa tomada de decisões para negócio. A falta de informações e o mau gerenciamento faz com que a rotina seja exaustiva, em especial para aqueles que não conseguem fidelizar um grande volume de clientes e estão fora dos grandes centros.
Tornar a gestão de compras mais fácil é um dos pilares para a sustentabilidade e sucesso das empresas no setor de alimentação. Não basta se adaptar ao delivery e digitalizar o restaurante somente da porta para fora e com foco no cliente. Para ter longevidade, especialmente em um mercado tão competitivo, é preciso rever processos e, principalmente, a gestão interna. A boa notícia é que assim como a tecnologia auxilia os estabelecimentos da porta para fora, não faltam ferramentas para quem precisa organizar seu negócio internamente também.
O uso de softwares e soluções de marketplace auxiliam empreendedores tanto na organização de processos, quanto na coleta de dados que facilitam a tomada de decisões. Um exemplo é a NetFoods, uma plataforma que atende o mercado de Food Service, suprindo as necessidades da cadeia de distribuição e fornecimento de insumos para o setor de alimentação.
Com essas ferramentas, os empreendedores se beneficiam para a gestão como um todo, já que com a digitalização da cadeia de fornecedores, todos as dores dos processos de compra são minimizadas. A tendência é que mais donos de restaurantes passem a usar dados para aumentar a penetração e ganhar espaço no mercado.
Mesmo com a retomada do setor e a diminuição das medidas restritivas, o uso de instrumentos de gestão e a digitalização da cadeia de fornecedores será um caminho para que empreendedores driblem impactos negativos, que vão desde os prejuízos a diminuição do fluxo de clientes. De fato, é preciso olhar para as oportunidades. Afinal, o setor de alimentação é um dos que gera mais empregos no Brasil e manter sua operação eficiente é vital para a manutenção do mercado de serviços.
Vitor Magnani é presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O) e do Conselho de Comércio Eletrônico da Fecomercio/SP. Professor da FIA e especialista em Relações Institucionais e Governamentais para ecossistemas inovadores.
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