Na pandemia, dois sentimentos afloraram nas pessoas: a incerteza e a insegurança. Questionamentos como para onde vamos, como ficaremos e quando tudo isso terminará são os mais frequentes. Já no mundo corporativo, uma das grandes dúvidas é como será o futuro do trabalho.
O distanciamento social levou vários profissionais ao modelo de trabalho em casa, já com a expectativa de saber qual será o modelo de trabalho mais adequado. É nítido percebermos como os colaboradores almejam por uma definição sobre este tema e seus líderes precisam corresponder a essa expectativa.
Acredito que no momento em que estamos, se uma empresa ainda não adotou o sistema híbrido de trabalho, com revezamentos semanais, certamente fará isso a curto prazo. Isso é uma tendência que, a meu ver, chegou para ficar. O IBM COVID-19 Consumer Study apontou que após a pandemia, 52% dos entrevistados no Brasil desejam continuar trabalhando exclusivamente em casa ou com idas ocasionais ao local de trabalho. Outro estudo do IBM Institute for Business Value (IBV) revelou que, no Brasil, 1 em cada 10 pessoas que responderam a pesquisa deixou o emprego voluntariamente durante a pandemia. Destas, 29% precisavam de mais flexibilidade de horário ou de local de trabalho (por exemplo, capacidade de trabalhar remotamente para lidar com as demandas da família). Para mim, se o modelo híbrido veio com força para permanecer entre nós, é fundamental que as empresas se reorganizem para que este formato tenha excelência em sua execução. E a transformação digital nos modelos de negócio e nos relacionamentos é uma positiva consequência disso.
Além disso, pesquisas indicam que embora possa haver um aumento na produtividade de seus colaboradores neste modelo, é ainda mais importante que as empresas olhem para o lado humano de seus funcionários. O número de pessoas que desenvolveram transtornos como ansiedade, por exemplo, durante a pandemia, aumentou fortemente. Segundo uma pesquisa feita pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), nos meses de maio, junho e julho de 2020, cerca de 80% da população brasileira ficou mais ansiosa devido à pandemia. Essa ansiedade pode impactar diretamente a forma de trabalho das pessoas, então, assim como todos estão se esforçando para entregar o melhor resultado, é fundamental que as companhias enxerguem esse desempenho e forneçam condições para alcançar os objetivos e metas desejados.
A relação entre empresa e o colaborador, na minha visão, precisa ser sempre uma via de mão dupla. Se você, como líder, motiva seu funcionário, faz com que se sinta incluído e olha por ele, pode ter certeza de que os resultados tendem a ser melhores. E você, colaborador, tenho certeza de que sentir que está em um local que acolhe, percebe e inclui certamente vai ajudar e dar mais energia para um bom trabalho.
Além disso, precisamos compreender como usar tecnologias como cloud e IA e a análise dos dados para impulsionar o crescimento dos negócios. Elas podem dar insumos para que as equipes colaborem de forma híbrida e integrada e automatizem fluxos de trabalho, diminuindo custos e acelerando o Time to Market. A tecnologia é vital para que as empresas atravessem esses momentos de mudanças e incertezas, em que terão que adaptar-se para um mundo cada vez mais digital e com foco cada vez maior na personalização do atendimento aos clientes.
A chave para um futuro híbrido, no qual as experiências mediadas pela tecnologia e as nossas atividades de trabalho presenciais sejam harmonicamente integradas, está na junção entre a comunicação e a tecnologia. Um futuro em que agilidade, velocidade e entrega de valor, tanto para os colaboradores quanto para os clientes, são cruciais. Eu acredito nisso, e você?
Com mais de 20 anos de experiência como profissional nas áreas de Marketing e Transformação Digital, Marcelo Trevisani é Chief Marketing Officer (CMO) da IBM Brasil.
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