Com origem do latim “præsentĭa”, a palavra “presença” ou “presenza”, em italiano – meu idioma nativo – tem como um dos seus significados comparecer a um lugar físico. Porém, nesses pouco mais de 500 dias de pandemia, tenho me desdobrado para descobrir como estar presente a distância e continuar falando a mesma língua do meu time latino-americano. Enquanto líder eu me pergunto: como posso continuar presente para uma equipe que está remota?
Mesmo em um momento pós-pandemia, acredito que o modelo de trabalho híbrido e flexível deve continuar. Logo, manter-se presente digitalmente para toda a equipe também será importante na liderança de estratégias bem-sucedidas no longo prazo. O futurista do Institute for the Future do Vale do Silício, Bob Johansen, listou em sua obra “The New Leadership Literacies: Thriving in a Future of Extreme Disruption and Distributed Everything” (“A Literatura das Novas Lideranças: Prosperar Em Um Futuro de Extrema Disrupção e Distribuição de Tudo”, em tradução livre) algumas habilidades essenciais para os líderes do futuro e inspirar confiança e clareza por meios digitais é uma delas. Em alguns anos, penso que uma boa liderança virtual será mais importante do que a presencial.
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No entanto, para líderes com mais de 20 ou 30 anos de carreira, utilizar os meios digitais para gerenciar uma equipe remota pode ser um desafio e tanto. Ao contrário das novas gerações de executivos, que são nativos digitais e interagem o tempo todo no mundo online e, portanto, estão mais preparados para o futuro, quando a sociedade será ainda mais conectada. Sim, caminhamos a passos largos para estarmos todos hiperconectados. Não tem mais volta.
Felizmente, o mercado de trabalho está cada vez mais diverso e multigeracional. Nunca tivemos tantas gerações convivendo em um mesmo ambiente de trabalho. Com isso, há uma grande janela de oportunidades para os líderes aprenderem com seus colegas mais jovens. É o que Johansen chama de “mentoria reversa”.
Particularmente, prefiro o conceito de mentoria 360º, em que todos podem ser mentores de qualquer pessoa, em sua área de especialização. Ou, simplesmente, estabelecer uma troca de experiências mútua e saudável, independentemente do nível hierárquico ou área. Assim, os silos entrarão em colapso e os rótulos desaparecerão, enquanto o aprendizado e a colaboração crescerão. O resultado? Trabalharemos melhor juntos.
Em contrapartida, algo que nós, líderes mais experientes, podemos ajudar outros colegas é a reduzir as distrações, aumentando o foco no preparo e no aprendizado profundo em tarefas que são importantes, como reuniões e apresentações. Afinal, estar presente, mesmo que por uma tela, é estar focado e pronto para agir com inteligência no momento em que for necessário.
Ao contrário do que pensamos, nosso cérebro não é “multitarefa” – o “multitasking” é inimigo do foco. Você se preparar para uma reunião ainda é evitar que o outro lado desperdice tempo e energia em uma conversa que poderia ser mais produtiva.
Para um líder, estar realmente “presente” – ainda que virtualmente – para sua equipe significa garantir a integração, incentivar as trocas de aprendizados e até detectar como os colaboradores estão se sentindo e, assim, tomar decisões rápidas e efetivas para apoiar cada um quando for necessário. Somente com um time unido a liderança consegue ser bem-sucedida e preparar do jeito certo a empresa e suas pessoas para as transformações que não param de acontecer.
Federico Grosso é general manager da Adobe para América Latina.
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