Quão difícil é tomar decisões financeiras éticas? Digamos que você queira apoiar os direitos dos animais. Você deve comprar roupas veganas? Elas geralmente são feitas de plástico, que podem acabar em um aterro sanitário ou no oceano. Então, quantas focas você quer matar para salvar uma ovelha?
O trabalho liderado por Rigobon, do MIT Sloan Sustainability Initiative, explora esses tipos de questões éticas espinhosas que envolvem os investimentos. Socialmente, medimos mal a importância dos negócios, tomando decisões como se o mundo fosse feito de questões unicamente financeiras.
O desafio é ajudar os investidores a praticar um investimento responsável de forma mais eficaz e eficiente, trabalhando com dados ambientais, sociais e de governança (ESG).
Agregados por várias agências de classificação, os dados ESG têm como objetivo ajudar os investidores a investir em empresas mais éticas. No entanto, o que se encontra são classificações ESG divergindo amplamente, variando não apenas em quais categorias de dados consideram (por exemplo, emissões de carbono ou práticas de trabalho), mas também no peso que fornecem diferentes tipos de dados. Em um estudo recente do Aggregate Confusion Project, pesquisadores descobriram que 64 atributos mensuráveis variam entre os provedores de classificação ESG.
Assim, uma pergunta é crucial: você tem certeza de que está investindo de forma ética? Os mercados de capitais estão se movendo rapidamente para incorporar fatores ambientais, sociais e de governança.
O problema? Os dados ESG são ambíguos e não confiáveis.
De maneira geral, a falta de uma abordagem comum torna difícil a tomada de decisão para os investidores que procuram negócios ESG.
Ora, se você é investidor de uma empresa que tem 64 categorias diferentes nas quais deve melhorar, quais são as que você prioriza para investir? Nem sempre as mais fáceis são as que causam mais impacto.
Embora a demanda por opções de investimento responsável tenha crescido, há um debate global, por exemplo, sobre quais estratégias realmente geram resultados favoráveis ao meio ambiente. Os investidores devem desinvestir das empresas intensivas em carbono, priorizar empresas com eficiência de carbono ou usar o poder dos acionistas para forçar as empresas a mudar?
Acredita-se que a última opção produzirá os resultados mais rápidos. Os investidores precisam forçar as empresas a repararem que suas mãos estão sujas. Mas, como fazer isso? Avaliando e medindo as consequências das ações das empresas, para assim ter elementos para apresentar: “Aqui estão as evidências dos danos da empresa. O momento é de consertar”. Consequentemente, o sistema financeiro será capaz de dizer: “As ações A, B e C são inaceitáveis”.
De acordo com Florian Berg, a classificação ESG ainda é um campo jovem e a definição de sustentabilidade é por natureza fluida. O que é importante hoje pode não ser importante amanhã. É o impacto no mundo real.
No caminho para reduzir a mimetização dos dados, há uma tarefa comum a todos de reduzir o nível de imprecisão na medição de categorias ESG. Como? O investimento sustentável exige uma definição universal e conceitos claramente definidos e regulados. Os negócios devem explicar claramente a seus investidores como gerenciam os riscos ESG e o que entendem por sustentável. Até porque diferentes avaliadores ESG medem coisas diferentes e de formas diferentes. E, mais importante, os negócios ESG podem medir o mesmo atributo usando indicadores diferentes.
Em outras palavras, diferentes empresas podem adotar diferentes definições de desempenho ESG ou podem medir esse desempenho usando diferentes métricas.
Por fim, uma preocupação diferente, mas relacionada: cabe alertar que a ausência de padrões ESG universais incentiva exponencialmente a lavagem verde ou greenwashing na indústria de negócios e de gestores de fundos.
Haroldo Rodrigues é sócio-fundador da investidora in3 New B Capital S.A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Ceará.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
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