Já faz algum tempo que escrevo sobre a geração do milênio e sua influência no local de trabalho e na sociedade. Enquanto isso, a Geração Digital está amadurecendo rapidamente e procurando remodelar as visões de mundo.
Dados da Avanade revelam coisas interessantes sobre a Geração Digital, pessoas nascidas entre 1996 e 2015, quais sejam:
1. É grande. Aproximadamente, 32% da população mundial atual se enquadra na categoria Geração Digital, maior que a geração do milênio e os baby boomers.
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2. É diversa. Só nos Estados Unidos, 48% não são brancos e mais de um terço usam pronomes de gênero neutro.
3. Está comprometida. A causa é uma parte essencial da identidade individual para 73% dos membros da Geração Z, e 60% acreditam que as marcas e corporações podem fazer mais para impulsionar a mudança do que os governos.
4. Está conectada. Quase 98% dos americanos, britânicos e australianos nessa faixa etária têm smartphones e os usam em média 3 horas por dia.
É fácil entender que a Geração Z é o primeiro produto do mundo digital, por consequência todos somos habitantes dele para o bem e para o mal. Todos já vimos a espada de dois gumes de um mundo conectado.
Assim, vivemos e trabalhamos no domínio da tecnologia, temos um dever de desempenhar um papel especial de garantir que este mundo continue sendo um espaço seguro, produtivo e igualitário para todos. Isso significa ter líderes voltados para o futuro, ou, em outras palavras, administradores da sustentabilidade e da inovação digital dos territórios ao nosso redor.
“A tecnologia tem um grande potencial para ajudar a cumprir os ODS, mas também pode estar na raiz da exclusão e da desigualdade. Precisamos aproveitar os benefícios de tecnologias avançadas para todos”, disse o Secretário-Geral da ONU, Antônio Guterres, no encerramento do Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável de 2018.
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Em 2020, o movimento Meu Futuro Digital e a investidora IN3 assumiram o propósito de investir no Ceará, quer com capital catalítico, quer com capital com retorno financeiro, e contribuir para torná-lo um Estado do futuro do trabalho e da educação, por meio da tecnologia da informação.
A premissa do investimento está na tecnologia como ferramenta para gerar impacto nas pessoas e nos seus territórios, impacto humano positivo.
Pensando globalmente e agindo localmente, aproveitamos nosso capital cognitivo, nossa energia e a experiência coletiva, para uma aproximação com o poder público da cidade Fortaleza e modelamos uma política pública de inclusão produtiva tendo o digital como ferramenta de acesso.
Na quarta-feira, 13/10, o prefeito da maior cidade e capital do Ceará sancionou o projeto de lei que cria o programa Juventude Digital como política pública permanente de Fortaleza. A iniciativa tem foco na inclusão digital e na geração de emprego e renda por meio de cursos gratuitos nos formatos on-line, presencial e híbrido.
O programa tem um eixo que será divisor de águas na jornada dos jovens das escolas públicas, chamado de Juventude Digital 9º ano, voltado para alunos do último ano do ensino fundamental da rede municipal. Aqui me permita um reconhecimento de prototipagem social, a inclusão dos alunos do 9º ano em Fortaleza nasceu de um projeto piloto em andamento na cidade de Sobral.
O programa Juventude Digital representa bem uma parceria privada e pública sustentada em investimento catalítico. Doravante, se inicia a construção de um ecossistema capaz de atrair recursos filantrópicos e comerciais privados para alcance de objetivos comuns.
Fruto da parceria da IN3 [embaixadora do Meu Futuro Digital no Ceará] e Fundação de Ciência, Tecnologia e Inovação de Fortaleza (Citinova), o Juventude Digital 9º ano gera impacto social na veia. Há na cidade de Fortaleza mais de 22 mil jovens matriculados nesta etapa da educação na rede municipal.
Tudo o que fazemos hoje envolve tecnologia, e por trás disso há milhares de empregos sendo criados. As cidades que melhor se prepararem para isso poderão aproveitar essas oportunidades. Nada melhor do que olhar para as cidades e perceber que o investimento responsável é a bola da vez.
É da natureza humana criar grupos, as distinções geracionais não são exceções. A Geração do Digital está amadurecendo num mundo cada vez mais on-line e interconectado, cabe aos investidores de impacto e ESG a tomada responsável de decisão, uma visão de investimento em rede com capital híbrido é um bom exemplo, até porque deixar o mundo melhor do que o encontramos é o legado de todos.
Haroldo Rodrigues é sócio fundador da investidora in3 New B Capital S. A. Foi professor titular e diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Universidade de Fortaleza e presidente da Fundação de Amparo a Pesquisa do Ceará
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