A narração profissional é indispensável para o sucesso de uma competição. O espectador já está acostumado com a sensação de ser guiado no decorrer de uma partida por aquela voz carismática e potente. Nas competições online, em especial nos e-sports, ou jogos eletrônicos, isso não é diferente. Mas é preciso trocar o termo “narrador” por “caster”.
Os casters são profissionais treinados e capacitados para narrar, comentar, analisar e animar o público durante os campeonatos de e-sports. Com o crescimento do mercado brasileiro de games, que em 2022 movimentou US$ 2,4 bilhões no Brasil e, até 2024, globalmente, vai ultrapassar US$ 220 bilhões, surgiu também a necessidade de mais pessoas qualificadas e profissionalizadas.
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Em março deste ano, a Pesquisa Game Brasil (PGB), divulgada pelo SX Group e Go Gamers, em parceria com a Blend New Research e ESPM, mostrou que os games – e e-sports – tornaram-se opção relevante de carreira e formação no Brasil. O levantamento constatou que 58,3% dos gamers acreditam que o setor de jogos eletrônicos no país oferece boas oportunidades de carreira.
Confira 6 perfis do gamer brasileiro:
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Mulheres gamers 16% Gamer de Coração “Nasci e cresci gamer, gamer sempre serei”
Perfil que concentra aquelas pessoas que se identificam como “gamer”. São os mais jovens (26,54% têm até 24 anos). Jogam de tudo. A presença de consoles e PC’s é significativa nesse perfil. Pessoas que se relacionam de forma profunda com games, seja jogando profissionalmente, criando conteúdo ou gastando dinheiro com jogos. São as pessoas que menos jogam apenas por diversão. Mais da metade ganha ou já ganhou dinheiro com games. -
12% Full Hard Core “Jogar é uma das minhas principais atividades”
É o perfil que vêm à cabeça quando se pensa em um gamer clássico. Perfil jovem (39% têm até 29 anos), mais masculino (58% são homens) que joga muito, que se identifica muito como “gamer” (64%). São os que mais jogam, sendo que 75% jogam em PC e console (mais da metade). Jogam todos os diferentes tipos de jogos, mas principalmente multiplayer, de estratégia, aventura, ação e são de fato os grandes jogadores de FPS (mais da metade joga). Ávidos consumidores de conteúdo sobre eSports (26% assistem diariamente) e também conteúdo em geral sobre games. -
22% Fim de Semana “Me organizo para jogar e sou fiel aos bons jogos que conheço”
Jogadores de fim de semana são pessoas que, apesar de serem as que jogam com uma frequência menos intensa, jogam um número de horas significativo por semana. Destacam-se por terem um bom repertório de jogos e muitos são multiplataforma – seu foco não é apenas o celular. São o 2º perfil onde encontramos pessoas com mais de 40 anos e quase 50% mais mulheres do que homens. -
Miguel Sanz/Getty Images 24% Gamer, eu? “Jogo bastante! Mas faço muitas outras coisas”
Perfil bem distribuído entre homens e mulheres, destaca-se por ser o que explora o maior número de jogos, estando bem próximo dos jogos mais elaborados, característicos de quem joga com maior intensidade. Seus tipos mais frequentes de jogos são os de estratégia, esportes, corrida, aventura e ação. Mas não deixa os jogos de lógica e quebra-cabeça de lado. Não se identificam como “gamer” e são pouco interessados/as no mundo dos eSports. -
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14% Sugar Crush “Adoro um joguinho no celular, desestresso e me divirto”
Perfil composto majoritariamente por mulheres (75%). O que caracteriza este perfil é o gosto pelos jogos de lógica e quebra-cabeça (mais da metade joga esse tipo), de cartas e jogos mais casuais. É o perfil com maior número de pessoas com mais de 45 anos (37%) e que estão quase apenas no celular, como plataforma. Poucas outras coisas as motivam a jogar, fora a pura diversão. -
Getty Images 12% Hard Core Mobile “Jogar no celular ampliou meus horizontes dos games”
Perfil que joga muito, mas apenas em plataformas mobile. São o 2º perfil com maior diversidade de games jogados. Quase ¼ já pensou em ser um/a pro-player e a mesma quantidade acompanha campeonatos. Destacam-se por serem o 3º perfil mais consumidor de conteúdo sobre jogos (35% quase todo dia ou todos os dias).
16% Gamer de Coração “Nasci e cresci gamer, gamer sempre serei”
Perfil que concentra aquelas pessoas que se identificam como “gamer”. São os mais jovens (26,54% têm até 24 anos). Jogam de tudo. A presença de consoles e PC’s é significativa nesse perfil. Pessoas que se relacionam de forma profunda com games, seja jogando profissionalmente, criando conteúdo ou gastando dinheiro com jogos. São as pessoas que menos jogam apenas por diversão. Mais da metade ganha ou já ganhou dinheiro com games.
Tendo em vista o cenário promissor da categoria, por que não abrir espaço para grupos minorizados? Esse foi o questionamento levantado pela Riot Games, desenvolvedora de jogos como League of Legends e Valorant, que lançou, no último mês, uma parceria com a Revelah Casters, projeto de desenvolvimento de mulheres cis, trans e pessoas não-binárias na atuação como casters. O objetivo: capacitar a comunidade LGBTQIA+ por meio de workshops.
Por que diversidade nos games é importante?
A diversidade no universo gamer, principalmente do lado interno das empresas, é essencial no combate ao bullying virtual. Além de criar possibilidades em prol de jovens profissionais e entusiastas que não eram representados e acolhidos. Layze “Lahgolas” Brandão, caster e idealizadora da Revelah Casters, conta que recebe “muitas mensagens de pessoas que começaram a ter o sonho de serem casters” por vê-la nas transmissões. “Esse é um grande indicativo da importância da representatividade e de ter pessoas diversas dentro dos e-sports.”
Carlos Antunes, head de e-sports da Riot Games no Brasil, comenta o propósito da ação: “Todo ano a Riot faz uma série de ativações com o objetivo de celebrar a comunidade LGBTQIA+ dentro do mundo gamer. Em 2023, nós demos alguns passos a mais. Decidimos não só celebrar, mas também incluir. Quando se trata de inclusão, não existe teoria, precisamos ter essas pessoas internamente.”
Conteúdo e vivências profissionais
O projeto iniciou sua parte prática na primeira quinzena de julho e tem a última sessão no dia 20 de agosto. Durante os encontros, as 50 pessoas selecionadas têm acesso a conteúdos divididos em três módulos ministrados por profissionais experientes da indústria dos e-sports.
De acordo com a PGB, das áreas que os jogadores são mais otimistas com oportunidades de emprego, destacam-se criação de conteúdo (68,3%); publicação ou marketing (68%); programação (66%); efeitos visuais (65,7%); e arte, ilustração ou animação de jogos (65%): formações contempladas pela iniciativa.
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Para Maria Julia “Fogueta” Junqueira, caster e apresentadora de e-sports, a iniciativa possibilita aos participantes atuarem até mesmo fora do ecossistema dos jogos online. “Você pode trabalhar como apresentador, social media, jornalista, fazendo transmissões, sendo juiz de campeonato, etc…. Enfim, existe uma gama de funções que ainda podem ser exploradas nos e-sports.”