No último mês de março, com o isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19, a Vem de Bolo, marketplace criado pela Nestlé para unir confeiteiros e boleiros a consumidores finais, registrou um crescimento de 500% na comparação com fevereiro. A startup, que tem pouco mais de um ano de operação, encerrou o mês passado com 1.500 pedidos. Em abril, a média diária tem sido de 150 encomendas, o que reflete uma perspectiva de encerrar o mês com mais de 4.000 itens vendidos.
A ideia surgiu há cerca de dois anos, dentro da área de inovação da multinacional de alimentos e bebidas no Brasil. “Estávamos mapeando possíveis atuações da companhia em mercados que tivessem relação com nosso core business e nos deparamos com um grande e informal setor de profissionais autônomas que fazem bolos e doces para vender”, conta Carolina Sevciuc, diretora de transformação digital da Nestlé.
Seis meses depois de estudar o mercado, a companhia lançou o marketplace, o primeiro do gênero no país, que atualmente oferece cerca de 400 produtos para delivery, entre bolos simples ou recheados, tortas, doces, veganos, funcionais e guloseimas para presentes, como cookies e pão de mel, de 600 profissionais. A fila de espera para fazer parte da plataforma, no entanto, passa de 500 pessoas e vem crescendo nas últimas semanas.
“A ideia é ter algo totalmente profissionalizado, por isso fazemos uma curadoria. Os integrantes do marketplace aprendem a tirar foto dos seus produtos, a construir e gerenciar o conteúdo, precificar e até recebem orientações de cuidados durante o processo de produção. As entregas são feitas por profissionais recomendados por nós, para que os produtos cheguem intactos. Esses profissionais também têm condições especiais na compra dos produtos da marca”, explica Carolina.
A multinacional, que tem uma equipe de seis pessoas para tocar a startup, duas delas totalmente dedicadas, não ganha nada com a iniciativa do ponto de vista financeiro. No entanto, a operação serve para a geração de insights. Um deles tem sido o aprendizado sobre o mercado de produtos veganos, área onde a Nestlé ainda não atua, mas com demanda crescente. Além disso, tem o caráter social. A grande maioria dos profissionais cadastrados na plataforma é de mulheres, com faixa etária entre 21 e 65 anos, que dependem dessa renda para sustentar suas famílias. “A informalidade é um cenário real e o que fizemos foi profissionalizar essas trabalhadoras. A plataforma não nasceu de um dia para o outro, foi um processo, e continuamos aprendendo”, diz Carolina.
Apesar da alta concentração feminina, um dos integrantes da plataforma é Marcel Serra da Fonseca. O engenheiro se dedica, desde 2018, a fazer doces com a mãe, que já trabalha com isso há mais de 20 anos. Ele explica que atendia bufês da capital paulista e entrou no marketplace para incrementar a renda. Em fevereiro, fechou 23 pedidos pela Vem de Bolo e, em março, 439. Com o salto, a plataforma passou a garantir 70% do faturamento da empresa e está sendo fundamental para pagar os salários dos 17 funcionários, já que, por causa da pandemia, o movimento dos bufês caiu drasticamente.
O marketplace funciona, por enquanto, apenas em São Paulo, mas a diretora promete para breve a expansão para o Estado.
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Influencers entram na luta para ajudar populações vulneráveis
Alguns dos principais nomes da internet brasileira, como Julio Cocielo, Felipe Castanhari (foto), o canal Banheiristas, Igão, Ginga Street e Jukanalha, anunciaram uma campanha solidária para arrecadar recursos para os mais vulneráveis durante a pandemia de Covid-19.
A iniciativa, que tem estreia marcada para 2 de maio, partiu de Fred Furtado, CEO da Tubelab, empresa de marketing de influência. “Temos visto lives de cantores sertanejos aqui no Brasil que, com bastante sucesso, estão conseguindo arrecadar fundos e mantimentos para ajudar pessoas que, de alguma forma, estão sendo afetadas pela Covid-19. Antes disso, no entanto, eu já estava com a ideia de propor aos criadores de conteúdo da internet e influenciadores digitais que se unissem para uma causa humanitária”, conta.
A campanha pediu aos creators participantes que produzam um vídeo, que será postado com a hashtag #DoandoViews. Os lucros obtidos com views e Google AdSense destes vídeos serão doados. Cada influencer poderá escolher o destino da doação, prestando conta aos seus seguidores. A ideia é contemplar várias instituições.
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O que a Covid-19 pode nos ensinar sobre a cadeia de abastecimento
A crise instaurada no mundo pela pandemia do novo coronavírus provocou interrupções e falhas nas cadeias de suprimentos de muitas empresas e setores. E, embora a prioridade seja resolver o problema imediato, há que se considerar analisar o cenário atual para evitar possíveis repetições no futuro.
Um recente relatório do IBM Institute for Business Value, intitulado “Covid-19 and Shattered Supply Chains” revelou que as cadeias de suprimentos devem ser dinâmicas, responsivas e interconectadas aos ecossistemas e aos processos de uma organização – e isso requer visibilidade de ponta a ponta, insights em tempo real e ações decisivas, principalmente em situações de escalada.
E é aí que entra a inteligência artificial. Por meio da tecnologia, as organizações podem transformar em tempo real dados não estruturados em insights que ajudam a prever interrupções e vulnerabilidades, fornecendo visibilidade em curto prazo. Com a IA, os profissionais de supply chain podem otimizar pedidos com base em fatores como realocação e priorização de estoque. Isso permite que as equipes reajam mais rapidamente e reduzam centenas de horas de trabalho manual de coleta de dados para que possam se concentrar nesse trabalho de maior valor.
“As cadeias de suprimentos evoluíram para uma rede de centenas de fornecedores, subcontratados e centros de distribuição, espalhados por todo o mundo. Mesmo os menores transtornos podem ter um efeito enorme, afetando toda a rede de suprimentos. Na última década, muitas organizações foram impactadas por problemas que causaram oscilações em toda a cadeia de suprimentos global. O que aprendemos é que nenhuma empresa pode se dar ao luxo de não ter uma estratégia de suprimento dinâmica e multidimensional capaz de responder a interrupções”, diz Felipe Posada, líder de IBM Sterling para a América Latina.
Ainda segundo o levantamento, à medida que as organizações continuam avançando em direção a cadeias de suprimentos inteligentes e auto-ajustáveis, três estratégias devem ser consideradas: reavaliar a estratégia de fornecimento e redesenhar a rede de fornecedores; criar modelos mais inteligentes de cadeia de suprimentos e análise de cenários; e oferecer novos modelos de execução.
MAIS:
– O Magalu e o Sebrae assinaram um acordo que pode trazer ao Parceiro Magalu, plataforma de digitalização de pequenos varejistas, milhares de novos empreendedores. O Sebrae terá um canal direto para inclusão de seus pequenos associados ao marketplace da varejista. “O comércio eletrônico é um processo irreversível em todo o mundo, mas que estava restrito aos médios e grandes estabelecimentos. Modernizar e fortalecer o pequeno negócio tradicional, que atua na loja física e agora está com dificuldade de chegar ao cliente, é uma das nossas principais missões neste momento de crise. Apostamos nesta parceria para oferecer uma ferramenta fácil e eficiente para ampliar as vendas e reforçar os caixas das empresas durante a pandemia”, diz o presidente do Sebrae, Carlos Melles. A parceria será realizada, inicialmente, em Pernambuco e São Paulo, como projeto-piloto. Depois, será expandida para um estado em cada região do país e, por fim, em todo o território nacional;
– Para ajudar artistas autônomos e pequenos empreendedores durante a pandemia de Covid-19, o coletivo carioca de artistas urbanos SOLTO acaba de lançar a plataforma ADIANTA, que permite que pessoas interessadas em serviços de artistas e profissionais criativos possam adquiri-los para execução após a quarentena. “A ideia é que os consumidores possam usufruir dos serviços quando as restrições de deslocamento terminarem. Ou seja, o pagamento é feito nesse período de quarentena e a entrega será em uma data a combinar. Tudo direto com os profissionais, sem intermediários”, explica Daniel Medeiros, um dos idealizadores do SOLTO. Os serviços vão de fotografia, vídeos e pinturas até performances ou criações exclusivas de linhas de produtos.
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