O governo brasileiro está analisando a tecnologia de notificação desenvolvida pela Apple e Google que permite que autoridades informem cidadãos se eles tiveram exposição ao novo coronavírus.
A Apple e o Google lançaram a primeira versão do sistema no mês passado e, desde então, dezenas de países solicitaram acesso à interface de programação da tecnologia, que possibilita que sistemas públicos de saúde criem seus próprios apps para monitorar contatos entre pessoas doentes e o restante da população.
Segundo a Forbes apurou, a tecnologia foi apresentada ao Brasil pela equipe da Apple da Califórnia e pelo time da Google Brasil – esta última também tem disponibilizado relatórios baseados em dados de localização anônimos de seus usuários para informar políticas públicas no enfrentamento da Covid-19.
Procurada por esta coluna, a Secretaria de Governo Digital informou que a análise do sistema de notificação de exposição ao vírus está em curso. Aspectos como segurança e privacidade de dados estão sendo investigados como parte da avaliação.
O Ministério da Saúde confirmou que os testes estão sendo realizados pelo Datasus, departamento de informática do serviço público de saúde, e que os resultados serão apresentados em breve, sem dar mais detalhes.
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Segundo uma fonte próxima ao projeto, que pediu para não ser identificada, os testes conduzidos pelo Datasus foram iniciados na semana passada. A ideia é conduzir um piloto do sistema de forma controlada antes de apresentar o resultado em duas semanas, à Casa Civil. Se os testes forem bem-sucedidos, a tecnologia será integrada ao aplicativo Coronavirus-SUS.
No entanto, existem desafios em relação à tecnologia, chamada em inglês de exposure notification. Entre os problemas principais citados por autoridades de saúde nos Estados Unidos está fazer com que um número significativo de pessoas baixe os aplicativos que têm esta função. Autoridades norte-americanas dizem é preciso fazer com que cerca de 60% da população use tais ferramentas para que a tecnologia de notificação surta real efeito.
Segundo o Ministério da Saúde, desde que o app Coronavirus-SUS foi lançado no final de fevereiro até o dia 4 de junho, foram feitos 1,7 milhão de downloads por usuários do sistema iOS, da Apple, enquanto 4,55 milhões de usuários Android, da Google, baixaram a ferramenta. O aplicativo tem informações sobre tópicos como prevenção, um mapa de unidades de saúde próximas e notícias oficiais com foco no novo coronavírus.
A tecnologia de notificação da Apple e Google tinha o intuito original de rastreamento de contatos, ou contact tracing. O termo refere-se a entrar em contato de forma ativa com pessoas que podem ter sido expostas ao vírus e orientá-las, bem como direcioná-las para testes ou tratamento.
Após o consenso de que esse trabalho é realizado de forma mais eficiente por seres humanos do que através de tecnologia – um país onde isso está sendo feito é o Reino Unido, que recrutou milhares de rastreadores – a tecnologia das Big Techs foi renomeada como “notificação de exposição”, cuja intenção é complementar o trabalho dos agentes de saúde.
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC e outros.
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