Na tarde de ontem (10), Jorge Paulo Lemann, brasileiro que, ao lado de Marcel Telles e Beto Sicupira, criou a Ambev e fez da companhia uma das maiores empresas de bebidas do mundo, participou da apresentação – online – dos 24 novos bolsistas que passaram no concorrido Programa Líderes Estudar. São jovens estudantes entre 17 e 29 anos que, a partir de agora, farão parte da iniciativa da Fundação Estudar, entidade criada pelo bilionário que contribui para a formação das futuras lideranças transformadoras do Brasil por meio do estímulo à experiência acadêmica de excelência e do apoio ao desenvolvimento pessoal e profissional.
Durante o encontro, o segundo homem mais rico do país e o 85º do mundo – dono de um patrimônio estimado pela Forbes de US$ 16,6 bilhões – falou sobre pandemia, futuro das operações, negócios dentro e fora do Brasil e filantropia. E, em cada uma dessas abordagens, deixou claro quão importante é a tecnologia – e quanto ela será ainda mais primordial no futuro. “Durante o isolamento, trabalhei pelo Zoom quase o tempo todo. As viagens diminuíram muito, assim como os eventos sociais, o que significa que a produtividade aumentou. Além disso, percebi que as pessoas ficaram muito mais objetivas nesses encontros virtuais. Acho realmente que, de uma maneira geral, o mundo mudou e muito mais gente vai trabalhar de casa no futuro”, disse.
Lemann acredita que a principal dificuldade em tempos de pandemia será com relação aos programas de trainee, algo que já faz parte da cultura da companhia. “Mas tenho certeza de que encontraremos uma maneira de nos adaptar.” Ao falar sobre jovens com potencial promissor, o executivo dá uma dica: “Antigamente, procurávamos pessoas com a faca no dente e sangue nos olhos”, brinca. “Agora, além disso, elas precisam entender de tecnologia. O cara que não tem familiaridade, já está atrasado.”
Adaptação é, para o executivo, palavra de ordem. À frente de uma gigante da economia tradicional, Lemann viu o mundo se transformar ao longo das décadas. “Somos de uma época na qual tínhamos uma grande fatia de mercado, produzíamos barato e o consumidor não tinha tantas opções. Hoje, eles têm inúmeras alternativas e cabe a nós entendermos o que ele gosta mais. A tecnologia passou a ser muito mais importante nesse processo de tornar o negócio mais focado no consumidor.”
Para o empresário, a receita é manter o que funcionou no passado ao mesmo tempo em que se promove a inovação. “Temos que olhar o que está acontecendo por aí”, diz, referindo-se às novidades do Vale do Silício, mais especificamente à Amazon.
A gigante do comércio eletrônico de Jeff Bezos foi citada também por Henrique Dubugras, que comandou a interlocução com Lemann durante o encontro, como o principal exemplo a ser seguido atualmente. “Na minha opinião, Bezos é o melhor gestor neste momento”, disse o jovem empreendedor, eleito Under 30 pela Forbes em 2015 graças à Pagar.me, empresa de meio de pagamentos fundada ao lado de Pedro Franceschi e vendida à Stone em 2016. Depois disso, Dubugras estudou em Stanford – com o apoio da Fundação Estudar – e criou a fintech Brex, especializada em cartões de crédito para startups, atualmente avaliada em US$ 2,6 bilhões.
Lemann usou o exemplo da Brex para ressaltar o quão importante é as empresas brasileiras tentarem levar seus negócios para outros países, tornando-os globais. “Tem muita gente boa no Brasil, mas poucas tentam uma internacionalização. Precisamos mostrar que é possível”, concorda Dubugras. “O mercado internacional é mais eficiente, tem mais dinheiro – não só de fundos, mas dos bancos – e mais oportunidades”, complementa Lemann.
O bilionário brasileiro citou, ainda, o processo de adaptação pelo qual está passando na maneira de avaliar seus próximos investimentos. “Confesso que ainda tenho alguma dificuldade nessa nova economia, já que a primeira coisa que me vem à cabeça quando penso num negócio novo é o lucro”, diz, bem-humorado. “Essa conversa de que ele só chegará em alguns anos é estranha ainda, mas entendo que terei que me adaptar a essa nova realidade”, diz ele.
Lemann conta que apostou cedo na Stone e, desde então, tem organizado melhor a maneira de fazer isso. Atualmente, analisa entre cinco e 10 propostas de negócios toda semana. “Não tenho dúvidas de que, muito em breve, as maiores empresas do Brasil serão de tecnologia”, aposta.
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