A cidade de Manaus vai inaugurar amanhã (18) o que será o epicentro de um polo de inovação criado para diversificar as matrizes econômicas da cidade, segundo a Forbes apurou.
O Casarão da Inovação foi instalado no antigo Hotel Cassina, que foi construído no final do século 19 e que até o início deste ano estava em escombros. A expectativa de investimento antes do início da reforma era de R$ 12,5 milhões. No entanto, houve uma redução de gastos na restauração do local e a reforma ficou em R$ 8,7 milhões.
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A economia se deve a uma redução de 800 metros quadrados na área construída, resultando no projeto atual, de 1.600 metros quadrados. O local dispõe de um mini auditório, espaços de coworking e reuniões, bem como espaços abertos. A capacidade total de ocupação será de até 250 pessoas, depois que a pandemia da Covid-19 estiver sob controle. Enquanto isso, a ocupação máxima será restrita a 100 pessoas.
A Secretaria Municipal do Trabalho, Empreendedorismo e Inovação de Manaus (SEMTEPI) vai administrar o espaço em parceria com a Associação do Polo Digital de Manaus (APDM), que tem como membros fundadores o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR); a Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Softex); o Sidia Instituto de Ciência e Tecnologia; o Instituto de Pesquisas Eldorado e o coworking ValleyUp. A APDM também inclui a participação de startups, empresas e outros órgãos públicos.
“Mesmo com as dificuldades da pandemia, entendi que [a reforma] era uma prioridade. O Casarão da Inovação será um vetor para que jovens criem e aperfeiçoem suas ideias e é um grande passo rumo à economia 4.0. Queremos que o próximo Bill Gates ou Steve Jobs brasileiro surja aqui e o novo Cassina é o lugar ideal para isso”, disse o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, em entrevista à Forbes.
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Segundo o prefeito, uma das principais áreas de foco para o centro será a biotecnologia: “A inovação e a biodiversidade andam juntas e o investimento nessas áreas traz prosperidade de forma sustentável. Temos que estar abertos a parcerias para avançar nisso, no Brasil e internacionalmente. De nada adianta crescer só em áudio e vídeo”, acrescenta, em referência à “cultura Zona Franca”, área industrial da capital manauara e principal pilar de sustentação da economia local.
“Entre as coisas que o presidente da república não entende, e que precisam ser explicadas, é que precisamos garantir que a Amazônia seja bem governada, que as árvores tem muito mais valor de pé do que derrubadas, e que a comunidade indígena, que atualmente enfrenta uma situação de genocídio, tem muito a contribuir para indústrias como a farmacêutica, por exemplo. Tudo isso passa por tecnologia”, ressalta.
A ideia é que a gestão do centro de inovação fique a cargo de uma organização social público-privada, que está sendo selecionada através de um edital. As startups que irão ocupar o espaço serão selecionadas por esta organização, que também será responsável por um programa de incubação e aceleração. Enquanto a instituição não é escolhida, a APDM deve ajudar com diversas atividades no centro, assim como o SEBRAE e o SENAI, que realizarão cursos que terão início na segunda-feira (23).
O projeto de reforma do Cassina é parte de um projeto mais amplo, que incluiu a formação da APDM, nos moldes de governança do Porto Digital, com foco em áreas como governança para o crescimento estruturado do polo, bem como aspectos de impacto social que incluem a capacitação de mão de obra local. A presença do CESAR, que é uma das organizações âncora do Porto Digital, reflete o desejo de reproduzir os êxitos da iniciativa pernambucana.
Além da atuação do CESAR, o Porto Digital é representado na figura de Claudio Marinho, um dos criadores do parque tecnológico recifense, que foi contratado pela prefeitura de Manaus para desenvolver a implantação física do polo.
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O projeto de Marinho obedece ao conceito de “walkability” – ou seja, locais-chave do distrito de inovação devem ser percorridos em, no máximo, cinco minutos a pé, para facilitar encontros, interação e negócios – e deve incluir outros locais icônicos da capital manauara, como o Casarão Bernardo Ramos, o Café do Museu da Cidade e o Museu do Porto.
Segundo o consultor de cenários futuros, o potencial imobiliário para o centro histórico nas áreas prioritárias para o distrito de inovação chegou a um total preliminar de 111 mil metros quadrados de potencial construtivo a ser aproveitado por iniciativas de revitalização.
Desse potencial construtivo, 70% dos imóveis estão localizados no novo distrito, que ficará na região da Ilha de São Vicente e imediações. “[Estes imóveis desocupados] são um ativo para a revitalização do distrito de inovação, cujo coração será o Cassina”, aponta Marinho.
Ao longo de 20 anos, o Porto Digital do Recife restaurou, com investimentos públicos e privados, 84 mil metros quadrados em imóveis desocupados, que formam a principal fonte de receita para o órgão gestor do distrito recifense.
Angelica Mari é jornalista especializada em inovação há 18 anos, com uma década de experiência em redações no Reino Unido e Estados Unidos. Colabora em inglês e português para publicações incluindo a FORBES (Estados Unidos e Brasil), BBC e outros.
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