Quando o primeiro caso de Covid-19 foi descoberto, em janeiro deste ano, vivíamos uma grande euforia nos mercados. A Bolsa de Valores estava em tendência de alta desde 2016, com expectativa do Ibovespa atingir os 120 mil pontos. Observávamos a entrada expressiva de novos investidores, tanto institucionais como individuais, e altos retornos em quase todos os segmentos.
A crise atingiu o Brasil e o mundo de forma contundente. Períodos difíceis nos trazem grandes aprendizados, é a chance de revermos os pontos onde podemos evoluir, inclusive nos investimentos.
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Ao investir é importante levarmos em consideração 5 práticas:
1) Informar-se sobre a data de cotização de Fundos de Investimentos
Quando o mercado está otimista, o chamado bull market, muitos investidores, para garantirem acesso a determinados fundos, aplicam sem se atentarem às condições de saída. Diversos Fundos de Ações, por exemplo, cotizam em D+30, ou seja, vão liquidar as cotas resgatadas somente 30 dias depois do pedido, pelo então valor vigente. Em uma crise com volatilidade diária enorme, continuar na aplicação por mais 30 dias, sem ter se atentando a isso, é um grande desafio.
2) Fazer compensação de perdas
Ao realizarmos prejuízo em algum investimento, podemos compensar a perda deduzindo impostos a pagar sobre ganhos em outras aplicações. Para tanto, devem ser respeitadas algumas regras como por exemplo: serem ativos de mesma classe e de mesmo tratamento tributário. Poucos investidores fazem de fato essa compensação, que na prática ajuda a recuperar parte da perda.
3) Checar a correlação entre ativos
A ideia de não colocar “todos os ovos na mesma cesta” para mitigar riscos é bastante conhecida. Muitos investidores diversificam suas carteiras aplicando em diferentes fundos ou ações, acreditando se proteger. Durante a crise descobrem que estes ativos podem oscilar de forma muito similar, ou seja, a correlação entre eles é alta. Descobrem no pior momento que a carteira que parecia estar diversificada está altamente concentrada.
4) Escalonar os prazos de vencimentos adequadamente
Em momentos de crise, podem surgir condições inesperadas de busca por liquidez como a perda de emprego, necessidade de capital de giro no negócio próprio ou mesmo emergências de saúde. Caso a carteira não esteja preparada para essas urgências, com reservas em fundos de liquidez, o investidor pode ter que realizar prejuízo em aplicações de longo prazo para resgate de capital em um momento inadequado.
5) Respeitar o perfil de investidor
Muitos investidores com perfil conservador, ou mesmo moderado, migraram para o perfil agressivo nos últimos meses em função da forte queda na taxa de juros. Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes da B3 ressalta: “No mês de março vimos uma entrada recorde de pessoas físicas em renda variável, foram aproximadamente 300 mil novas contas, é muito importante que as pessoas reconheçam seu perfil de investimento”.
Alguns desses novos investidores, com carteiras inadequadas aos seus perfis, descobriram no meio da instabilidade gerada pela crise que tinham altíssima aversão a risco.
Boas práticas de mercado devem ser ressaltadas para que pequenos e grandes investidores não saiam prejudicados mesmo que durante ou pós crise econômica. Ainda segundo Felipe Paiva, traçar objetivos de longo, médio ou curto prazo são essenciais e para alcançá-los é necessário comprometimento, estudo e a busca constante de informações sobre o mercado. Tudo isso, somado a uma corretora ou banco que colabore no alcance de suas metas, contribui para um caminho seguro e contínuo nos investimentos.
A crise atual nos trouxe muitos ensinamentos. Agora é o momento de refletirmos sobre os acertos ou erros e incorporarmos as novas práticas às futuras estratégias.
Afinal, boas oportunidades de investimentos nos aguardam!
Claudia Ramenzoni Izzo é Head do B2C da RB Investimentos, diretora financeira da ABEFIN – Associação Brasileira de Educadores Financeiros e coautora do livro: “Independência Financeira ao Alcance das Mãos”.
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