Ibovespa fechou em alta hoje (17), garantindo mais um resultado semanal positivo, embalado pelo otimismo em Wall Street, mas sem conseguir superar os 80 mil pontos novamente, em meio a ruídos no cenário político-financeiro brasileiro.
Índice de referência no mercado acionário nacional, o Ibovespa subiu 1,51%, a 78.990,29 pontos, chegando a 79.846,43 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou R$ 19,76 bilhões.
Na semana, o Ibovespa teve um ganho de 1,68%, ampliando a performance positiva em abril para 8,18%. No ano, ainda contabiliza um declínio de 31,7%.
Notícias sobre planos para uma reabertura gradual da economia norte-americana e um potencial medicamento contra o Covid-19 animaram o começo dos negócios, após duas sessões seguidas de queda na bolsa paulista.
Na visão do analista Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, as bolsas responderam bem especialmente ao resultado do novo remédio. “É de fato algo novo e que pode se mostrar uma alternativa interessante para o combate ao vírus”, afirmou, ponderando, contudo, ser ainda cedo para apontar a sua acurácia.
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O medicamento, remdesivir, da farmacêutica Gilead Sciences, foi usado em testes de baixa escala por hospital de Chicago, mas mostrou resultados positivos no tratamento dos sintomas de febre e respiratórios produzidos pelo Covid-19. As ações da Gilead subiram quase 10% nesta sexta-feira.
O presidente dos EUA, Donald Trump, também apresentou na véspera planos para reabrir a economia norte-americana o que animou os mercados nesta sexta-feira. A doença já matou mais de 32,6 mil norte-americanos.
“Ter um plano, ter algo materializado tira algumas incertezas e começa a responder algumas questões-chave do processo, o que é interessante para o mercado”, disse Arbetman.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 2,68%.
A trajetória no pregão brasileiro, contudo, perdeu fôlego ao longo do dia, com o Ibovespa chegando a ficar com sinal negativo, a 77.754,45 pontos, na mínima da sessão.
Para o analista de investimentos José Falcão, da Easynvest, o clima político no país está por trás desta perda de força do Ibovespa, com a guerra declarada entre o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e o presidente Jair Bolsonaro, além da demissão de Luiz Henrique Mandetta do comando do Ministério da Saúde.
Falcão ponderou que a crise relacionada ao coronavírus está longe de ser solucionada no Brasil, e a demissão de Mandetta traz mais instabilidade.
Na mesma linha, Arbetman reforçou que uma crescente divisão entre Executivo e Legislativo coloca em dúvida as perspectivas para o país, sobretudo no âmbito pós-pandemia, “onde a necessidade de um acerto entre as partes é flagrante para a economia local voltar a crescer”.
O novo texto da PEC do orçamento de guerra, aprovado pelo Senado nesta sexta-feira, com mais restrições para a atuação Banco Central na compra de títulos no mercado, também foi citado por Falcão como outro fator negativo.
Ainda assim, o analista da Easynvest destacou que, no curto prazo, a bolsa brasileira tem demonstrado mais racionalidade. Além da alta acumulada em abril, o Ibovespa contabiliza uma valorização de 28% desde a mínima intradia do ano, em 19 de março, de 61.690,53 pontos. (Com Reuters)
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