O dólar sofreu hoje (28) a maior queda em quase dois anos, com o real na dianteira dos ganhos nos mercados globais de câmbio diante de um dia mais positivo para moedas de risco e com operadores realizando lucros após os recentes recordes da moeda norte-americana.
Uma combinação de fatores pesou contra a moeda dos EUA nesta sessão, mas analistas destacaram a percepção de que, com a saída de Sergio Moro do governo, o presidente Jair Bolsonaro poderia se sentir mais “dependente” do ministro da Economia, Paulo Guedes.
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Moro e Guedes formavam a dupla de “superministros”, ambos vistos como importantes suportes ao presidente junto à opinião pública e ao mercado financeiro.
A expectativa de maior apoio a Guedes por parte do presidente teria como base o entendimento de que uma turbulência contínua nos mercados – como a vista na semana passada na esteira da atribulada saída de Moro – poderia prejudicar mais a avaliação geral sobre o governo.
Na sequência da demissão de Moro, aumentaram especulações de que Guedes poderia ser o próximo a deixar o governo, o que gerou grande volatilidade nos mercados e ditou fortes quedas na bolsa e altas acentuadas no dólar e nas taxas de juros de mercado.
Ontem (27), porém, houve movimento de Bolsonaro no sentido de demonstrar mais alinhamento com o chefe da Economia. O presidente disse que “o homem que decide economia no Brasil é um só, chama-se Paulo Guedes”.
Além do alívio no ruído sobre Guedes, o recente fortalecimento das intervenções do Banco Central no mercado de câmbio deu mais gás à realização de lucros pelo mercado.
“O BC finalmente atuou pesado no mercado de câmbio ontem e na sexta-feira (24), ajudando a conter a espiral negativa”, disse Sergio Goldenstein, que já chefiou o Departamento de Operações de Mercado Aberto do Banco Central, citando ainda a queda do dólar ante outras divisas emergentes e alguma “acalmada” no cenário político frente à semana anterior.
No somatório de sexta e segunda-feira, o BC colocou US$ 5,275 bilhões no mercado em dinheiro “novo” na forma de swaps cambiais e moeda spot.
O BC não realizou leilões de câmbio nesta sessão.
O nível “esticado” do dólar – após rali de 11,3% em apenas duas semanas, entre 9 e 24 de abril – foi outro motivo alegado para o ajuste desta sessão.
“O real me parece muito subvalorizado”, disse Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês). Segundo ele, a desvalorização aproximou o prêmio de risco em real dos vistos em alguns países mais afetados, como Turquia, Ucrânia e África do Sul.
Na mínima desta terça-feira, às 15h13, o dólar desceu a R$ 5,4720 na venda, baixa de 3,39%, antes de encerrar com desvalorização de 2,59%, a R$ 5,5172 na venda. O recuo é o mais intenso desde 8 de junho de 2018 (-5,59%).
Na B3, o dólar futuro recuava 2,65%, a R$ 5,5070, às 17h30.
O dólar caía 0,1% ante uma cesta de moedas, enquanto peso mexicano, dólar australiano e rand sul-africano, “termômetros” de risco, subiam entre 0,4% e 1,6%. (Com Reuters)
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