A renúncia de Sérgio Moro do Ministério da Justiça provocou uma piora significativa nos preços de ativos brasileiros hoje (24). Em 2019, tivemos um episódio semelhante, quando um rumor em torno de sua permanência também foi traduzido em uma piora. O que levanta uma pergunta, se Moro era o Ministro da Justiça, por qual razão a economia sofre?
As ações do Ministério da Justiça em si não são realmente vetores da economia, mas existe todo um simbolismo na troca de Sérgio Moro. Ministro com alta popularidade com os brasileiros, inclusive maior que a do presidente, faz uma renúncia que deixa um sentimento de instabilidade no governo. Moro é a grande figura do combate contra a corrupção no Brasil e fez uma entrevista acusando o Planalto de interferência nas ações da Polícia Federal.
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Mesmo com toda a polêmica em torno do combate ao coronavírus, as pesquisas de opinião mostravam que o presidente, Jair Bolsonaro, ainda consegue manter seus 30% bem resilientes. No entanto, as pesquisas também indicavam que antes de ser “Bolsonaro”, as pessoas se mostravam “Lava Jato”. Então, pela primeira vez, vemos um possível “adversário” do presidente que realmente ameace sua base forte.
Acompanhar o efeito dessa saída na popularidade do presidente é algo fundamental para fazer uma leitura do cenário brasileiro. Uma queda significativa, algo próximo de 1 dígito, arrancaria um importante pilar do presidente. Embora, seja também importante relembrar que o tempo da política é lento, deputados não se movimentariam contra o presidente sem evidências muito óbvias dessa deterioração.
A saída de Moro levanta suspeitas da permanência do Ministro da Economia, Paulo Guedes. Nesta semana, já ocorreu um episódio negativo envolvendo seu nome, quando o Ministro não estava presente na divulgação do Plano Pró-Brasil. A saída de Guedes levantaria ainda mais preocupações em torno da aprovação de medidas que interfiram negativamente a saúde econômica do país no médio e longo prazo. A chance da agenda de reformas avançar sem a presença de Guedes parece algo bem improvável, o que alarmaria muito os investidores.
A incerteza maior também impacta a condução de política monetária no país, se nessa semana vimos o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizar que está disposto a reduzir mais a taxa básica de juros, agora o caminho não está tão claro. Em todos os comunicados, vimos o destaque da instituição em torno do avanço das Reformas.
Por fim, não temos como afastar ao menos que a ideia de impeachment esteja sendo discutida entre alguns membros do Congresso brasileiro. A derrubada de pilares de sustentação importantes farão, ao menos, o assunto ser ventilado com maior recorrência.
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