O dólar devolveu as perdas iniciais e passou a subir contra o real hoje (13), chegando a renovar máxima histórica perto de R$ 5,93 após discurso desanimador do chairman do Federal Reserve, mas o real tinha desempenho ainda pior que seus pares diante dos recorrentes ruídos políticos domésticos.
Depois de ter caído 0,80% na mínima do pregão –atingida às 9h58, pouco antes da publicação do discurso do chairman do Fed–, às 11:58, o dólar avançava 0,92%, a R$ 5,9195 na venda. Na máxima da sessão, a moeda norte-americana bateu o pico recorde intradia de R$ 5,9292 na venda. O principal contrato de dólar futuro operava em alta de 0,37%, a R$ 5,9140.
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A virada no câmbio aconteceu depois que o chairman do banco central norte-americano, Jerome Powell, disse hoje que os Estados Unidos podem enfrentar um “período prolongado” de crescimento fraco, acrescentando que o Fed não considera o uso de juros negativos como ferramenta de política monetária.
“Tinha uma expectativa do mercado de que Powell poderia sinalizar juros negativos nos EUA depois que o (presidente norte-americano) Donald Trump renovou as pressões acerca do assunto ontem”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho. “A fala de Powell frustrou os investidores e fez com que os mercados virassem.”
“Aqui, o movimento é um pouco mais pronunciado por estarmos num ambiente político bastante turbulento”, completou, citando apreensão sobre a divulgação de vídeo de reunião ministerial que poderia comprometer o presidente Jair Bolsonaro.
Na última sessão, o dólar negociado no mercado interbancário fechou em alta de 0,71%, a R$ 5,8657 na venda, nova máxima recorde para fechamento, com o mercado reagindo a notícias sobre o conteúdo do vídeo da reunião, durante a qual Bolsonaro teria dito que, se não pudesse substituir o superintendente da Polícia Federal no Rio, trocaria o diretor-geral da corporação e o próprio ministro da Justiça.
Hoje, Bolsonaro afirmou que pode divulgar parte do vídeo da reunião de 22 de abril, alegando que não falou as palavras “Polícia Federal”, “superintendência” e “investigação” na reunião gravada em vídeo, e sim tratou dos riscos e da necessidade de melhorar a segurança dos filhos no Rio de Janeiro.
Bolsonaro também disse que o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, “se equivocou” ao falar que ele teria citado a PF ao cobrar relatórios de inteligência de diversos órgãos.
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A apenas alguns centavos de superar a marca de R$ 6, o dólar já acumula alta de mais de 47% contra o real no ano de 2020, impulsionado por um cenário de juros baixos e incerteza política em meio às consequências econômicas da pandemia de coronavírus.
Na noite da véspera, Bolsonaro comentou que o tema dólar foi discutido “um pouco” em reunião ministerial ocorrida mais cedo ontem, mas que não poderia comentar sobre o assunto porque estaria adiantando algo “privilegiado”, o que “prejudicaria” o mercado, deixando em aberto se o governo está avaliando medidas para o mercado de câmbio.
Em tentativa de frear movimento exagerado no câmbio, o Banco Central anunciou para hoje leilão de swap tradicional de até 10 mil contratos com vencimento para agosto e dezembro de 2020, em que vendeu o lote integral.
No exterior, pares emergentes do real, como peso mexicano, lira turca e rand sul-africano, operavam em alta contra a divisa norte-americana. (Com Reuters)
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