O dólar fechou em firme queda de mais de 1% hoje (14), numa sessão marcada por volatilidade e pela aproximação da moeda da marca de R$ 6 pela manhã, movimento contido pela melhora externa e por duas intervenções do Banco Central no mercado de câmbio.
Wall Street se recuperou ao longo da tarde e fechou em alta, após queda mais cedo. No Brasil, também respaldou o alívio no câmbio encontro entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Em coletiva, Maia defendeu que seja retomado o diálogo entre os Poderes e em todas as esferas da administração na busca de uma solução para a crise do coronavírus.
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O dólar à vista caiu 1,37%, a R$ 5,8202 na venda.
A moeda ascendeu ao longo das duas primeiras horas de pregão até bater a máxima recorde intradia de R$ 5,9725 (+1,21%) às 11h05. Às 11h15, o BC anunciou o primeiro leilão do dia – oferta de até US$ 1 bilhão em contratos de swap cambial, dos quais vendeu US$ 890 milhões.
A cotação imediatamente perdeu força e assim ficou até por volta de 14h30, quando as compras retornaram e fizeram novamente o dólar superar os R$ 5,92 perto das 16h. O BC, então, anunciou leilão de dólar à vista, colocando um total de US$ 520 milhões.
No total, o BC vendeu US$ 1,410 bilhão, acima dos US$ 880 milhões de ontem (13).
Analistas, contudo, seguem céticos quanto a uma melhora significativa no mercado.
“Você não tem referência de preço hoje. Antes se falava de R$ 4, de R$ 4,20, de R$ 4,50, de R$ 5. Agora, não há a que [cotação] se apegar”, disse Roberto Serra, gestor sênior de câmbio da Absolute Investimentos.
Ele chama atenção para o menor volume de negócios do mercado primário – por onde passa dinheiro “novo”. Nas oito primeiras sessões de maio, a média diária de negociação está em US$ 865,5 milhões, 20% abaixo do mesmo período do ano passado. “O fluxo está menor, então qualquer movimentação acaba fazendo preço”, disse.
O real deprecia 31,05% neste ano, pior desempenho entre seus principais rivais, enquanto outros ativos brasileiros também sofrem diante do aumento da desconfiança de investidores estrangeiros com a situação econômica, política, fiscal e de saúde do país.
No Twitter, o economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), Robin Brooks, disse que há algo no mercado que “desgosta intensamente do Brasil”, citando a saída recorde de investimentos em carteira do país.
“As saídas [de capital] do Brasil em março foram um evento com desvio padrão de -6,0, ou seja, completamente além de qualquer coisa já vista antes…”, disse Brooks, comparando o fluxo negativo do Brasil com o de outros mercados emergentes.
Segundo os últimos dados disponibilizados pelo Banco Central, a saída de investimentos em carteira alcançou US$ 22,068 bilhões em março, um recorde – somando ações e renda fixa negociadas no mercado doméstico. (Com Reuters)
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