O halving do bitcoin é o assunto do momento no mercado cripto. Além de ser um evento histórico para a criptomoeda, é apontado pelos especialistas como um dos motivos pelos quais o bitcoin vem se mantendo estável acima dos US$ 8.000 mesmo em tempos de crise. Para entender o que é o halving, é preciso primeiro entender como funciona a rede de blockchain do bitcoin.
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Como funciona o bitcoin
De onde vêm os bitcoins? Essa é uma pergunta recorrente, para a qual a resposta simples é: da mineração. O processo foi explicado pelo gestor de fundos Glauco Cavalcanti, em entrevista ao vivo no canal do YouTube da Forbes Brasil à jornalista Francine Mendes, na tarde de hoje (11).
Cavalcanti comparou a rede de blockchain a um grande livro-caixa, onde todas as pessoas que realizam transações têm uma cópia. Nesse caso, os mineradores são as pessoas que atualizam o livro com as novas operações de compra e venda. Eles processam essas informações na rede realizando complexos problemas matemáticos, e mandando a atualização para todos os usuários. Esse processo de autenticação exige alto poder computacional, e é por isso que ele não ocorre de graça.
Toda vez que um minerador consegue resolver o problema matemático e encaixar um bloco de informação na fila, ele ganha 12,5 bitcoins. É deste processo que vêm todos os bitcoins do mercado. Os primeiros vendedores de bitcoin são os mineradores. Como Cavalcanti explicou, eles usam o valor da venda desses bitcoins para pagar eletricidade, seu time de mineradores, seu poder computacional e outras despesas do processo.
O “halving”, em tradução literal,“corte pela metade”, significa que agora os mineradores receberão 6,25 bitcoins por bloco autenticado.
Em um efeito cascata, a oferta de bitcoin vai diminuir, já que a mineração é a única forma possível de produzi-los. Assim, pelas leis de oferta e demanda, a tendência é que o valor do bitcoin aumente.
Halvings anteriores
Desde 2009, quando o bitcoin foi criado, o halving já aconteceu duas vezes e, em todas elas, a criptomoeda presenciou uma alta significativa.
Os halvings anteriores foram em 2012 e 2016, mas o que determina o espaço de tempo entre um evento e outro não é o tempo, mas sim o número de blocos autenticados e adicionados à rede. O fenômeno do halving, como determinado no algoritmo da criptomoeda, acontece a cada 210 mil blocos processados. Desta forma, é possível chegar a uma estimativa de quando o evento acontecerá novamente, mas à data e horário precisos..
Em 2012, o primeiro halving elevou o preço do bitcoin de US$ 12 a quase US$ 1.000.
No segundo evento, em 2016, o valor da criptomoeda alcançou a marca dos US$ 20.000.
Em meio a uma pandemia, o terceiro halving vem causando incertezas. Para explicar esse efeito, a Forbes Brasil conversou com o professor Joshua Ellul, diretor do programa de blockchain e tecnologia distribuída da Universidade de Malta, a primeira do mundo a ter um curso de especialização sobre o tema. “Em momentos de crise, confiamos em bancos centrais para tirar ou colocar dinheiro no mercado e encontrar um equilíbrio. Isso não é possível aqui”, ele explicou. “Como devemos agir em uma situação de crise como essa, quando não podemos fazer nada para tentar solucioná-la? Deixamos o mercado se consertar. Mas ainda não sabemos se isso vai funcionar ou não, e isso gera incerteza.” Em outras palavras, o halving do bitcoin não foi criado para acontecer em meio à crise causada por uma pandemia.
Como muitos investidores estão fugindo de negócios incertos, especula-se que talvez o bitcoin não suba tanto quanto nos outros halvings.
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Os primeiros momentos após o halving
O terceiro halving aconteceu oficialmente hoje (11). Momentos antes, o preço flutuava entre US$ 8.500 e US$ 9.000.
Detalhes importantes sobre o bitcoin
É importante notar que no algoritmo do bitcoin, Satoshi Nakamoto, seu criador, estabeleceu que só poderiam existir 21 milhões de bitcoin no mercado. No momento, já foram gerados 18 milhões.
De acordo com o professor Ellul, existe, inclusive, a possibilidade de nunca alcançarmos esses 21 milhões de bitcoins. Isso porque com os halvings, o número de bitcoins oferecidos será cada vez menor, e pode ser que nunca cheguemos ao número máximo por não conseguir manter o controle de frações tão pequenas.
Já para Cavalcanti, é possível que o último bitcoin seja produzido em algum momento entre 2080 e 2100, e aí mineradores começaram a ser pagos em taxas, e não mais em bitcoins.
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