O presidente do Fed NY, John Williams, fez uma colocação inusitada. Quando questionado sobre suas projeções em entrevista à Bloomberg, ele respondeu que realizar projeções durante a crise teria pouco poder explicativo. No lugar, sugeriu que fossem traçados diferentes cenários. O tradicional base, o otimista e o pessimista.
Com bem mais informações que os agentes privados sobre a economia americana, normalmente se espera que o Fed tenha capacidade de realizar as melhores projeções possíveis. Mas o ponto de Williams é que o quadro atual é tão complexo, e sem precedentes, que apontar para uma direção apenas é irresponsável.
Estamos vendo, quase que semanalmente, instituições financeiras revisando cenários macroeconômicos no Brasil e no mundo.
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Para dar um exemplo de como as coisas estão voláteis, o câmbio brasileiro iniciou o mês de maio em R$ 5,48 para US$ 1, encerrou o dia 13 em R$ 5,88 (tendo se aproximado de R$ 6 durante o dia) e caminha para finalizar o mês abaixo de R$ 5,30.
Essa trajetória conturbada machuca o resultado financeiro de empresas. Sem um quadro minimamente previsível pela frente, as companhias precisam realizar operações mais caras no mercado financeiro, que as protejam de oscilações fortes adiante.
Claro que isso é o mais prudente, mas veja que o quadro hostil pode acabar retirando recursos de novos investimentos e contratações, quando olhamos o desempenho de uma companhia ao longo dos anos.
Williams está certo, atualmente realizar projeções e cravar um único cenário possível beira a insensatez.
Mas vale também cutucar o que ocorre nos últimos anos no Brasil.
Sim, temos em 2020 a moeda com o pior desempenho ante o dólar, e a bolsa que mais se desvalorizou. No entanto, as oscilações fortes aqui tem se tornado um padrão, desde 2017 que o câmbio brasileiro não tem o mínimo de previsibilidade.
As sucessivas crises internas acabam atrapalhando, no âmbito microeconômico, o planejamento das empresas, respingando negativamente na atividade.
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