O dólar fechou com leve ganho ante o real hoje (30) e encerrou mais um mês e trimestre em alta, ainda em meio a intensa volatilidade diante de um conjunto de incertezas no Brasil que inclui os rumos da pandemia, da atividade econômica e de coesão entre forças políticas.
O dólar à vista teve leve alta de 0,27% nesta terça, a R$ 5,44 na venda.
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Ao longo do pregão, a moeda oscilou entre ganho de 1,54%, a R$ 5,509, e queda de 0,35%, para R$ 5,406.
Em junho, o dólar acumulou valorização de 1,87%. No trimestre, a apreciação foi de 4,73%. Em 2020, a moeda salta 35,56%.
A primeira metade do trimestre –do começo de abril até meados de maio– foi marcada por forte e contínua alta do dólar, que flertou com o recorde histórico nominal perto de R$ 6, diante de acirramento de tensões políticas domésticas e da percepção de que o Banco Central estava minimizando a volatilidade.
A partir do meio de maio até início de junho, a melhora do ambiente externo, massivas injeções de liquidez por bancos centrais e uma maior atuação do BC no mercado de câmbio motivaram desmontes de posições compradas em dólar, o que levou a divisa à casa de R$ 4,85 em 8 de junho.
Mas a gangorra persistiu e, desde então, o dólar ingressou em novo período ascendente, tendo como pano de fundo volatilidade ainda maior no mercado de câmbio interno. O fluxo cambial ao Brasil também piorou, indicando menor oferta de dólar –portanto, maior pressão sobre a cotação.
Nesta terça, o BC vendeu US$ 365 milhões em moeda spot –operação realizada comumente em momentos de fluxo negativo. Na sexta passada, a autarquia voltara a recorrer a esse instrumento, não utilizado desde o último dia 1º.
Alessandro del Drago, gestor do fundo Mauá Capital Machine-D, lembra que historicamente o segundo semestre não costuma ser de apreciação cambial. “Adicione todas as evidências de percepção de risco do primeiro semestre a esse padrão de sazonalidade, temos um cenário ainda incerto para o câmbio”, disse.
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Ele nota que a volatilidade do real segue em patamares acima dos vistos antes da pandemia –diferentemente de alguns pares emergentes da moeda brasileira– e avalia que isso é um fator importante para se analisar o quadro para o câmbio no curto prazo.
“Se a volatilidade cair a níveis pré-pandemia, vejo o câmbio indo a R$ 4,50. Mas se a volatilidade não reduzir, se tivermos problemas de harmonia no ambiente político, se não tivermos controle maior da pandemia e de seus efeitos econômicos, o câmbio continuará depreciando”, completou.
De uma lista de moedas composta também por rand sul-africano, rublo russo, lira turca, peso mexicano, peso colombiano e peso chileno, apenas o real tem volatilidade implícita colada nas máximas vistas em meados de março, quando os mercados estavam sob forte estresse por causa da pandemia. A volatilidade associada às demais moedas, por outro lado, retrocedeu e em alguns casos já se aproxima de patamares pré-pandemia.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, ainda estima dólar mais baixo, a R$ 4,70, ao fim do ano. Seu cenário-base é de “normalização” da economia, diminuição da pandemia e apreciação cambial em outros mercados emergentes, o que se estenderia ao Brasil.
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“Dentre os riscos a esse cenário, temos o de uma segunda onda de Covid causar uma recuperação em W”, afirmou. (Com Reuters)
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