No próximo dia 16 de junho, o Copom terá uma nova reunião e, no dia seguinte (17), anunciará a próxima taxa básica de juros, a Selic.
A cada 45 dias a instituição segue o mesmo procedimento, mas, em tempos turbulentos como agora, aumentam as incertezas dos próximos passos.
“Para a próxima reunião, condicional ao cenário fiscal e à conjuntura econômica, o Comitê considera um último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da Covid-19”, disse a instituição no mês passado. Resumindo, o novo corte deve ser de 0,75% ou menos.
LEIA MAIS: Tudo sobre finanças e o mercado de ações
Após a decisão, vimos o câmbio se aproximar do patamar de R$ 6 em maio. Nos últimos dias, o câmbio tem girado ao redor de R$ 5. Esse já seria um primeiro motivo para a redução: um câmbio menos pressionado retira qualquer desconforto futuro, mesmo que os dirigentes sempre toquem no ponto do câmbio ser flutuante e de a única meta a ser perseguida é a de inflação.
No entanto, mesmo com a pressão do câmbio, não vimos essa tradução na inflação. Tivemos abril e maio deflacionários, segundo o IPCA. A inflação, ao menos baixa, deve persistir, reforçada pela postergação de reajustes de preços administrados, entre outros fatores. Temos, então, um segundo motivo para um corte mais agressivo, de 0,75%: a inflação não dá indícios que se aproximará nem do limite inferior da meta no horizonte relevante.
O Boletim Focus tem 1,55% de IPCA 2020 e 3,10% em 2021. Ambos sendo revisados semanalmente para baixo.
Um terceiro vetor é a atividade mais fraca. A produção industrial de abril, com 18,8% de queda, é só mais um dos inúmeros indicadores que sugerem uma contração recorde do PIB.
O Focus aponta uma queda de 6,25% na atividade em 2020, mas devemos ver uma onda de revisões em direção a uma contração mais forte. Isso por si só já é um motivo relevante, que se agrava ou se soma ao ponto que economistas não enxergam o PIB devolvendo em 2021 nem o carrego estatístico. As projeções estão em 3,5% com diversas casas duvidando até desse patamar.
Um outro motivo externo, que favorece o relaxamento da política monetária, passa pelo fato de que os principais bancos centrais do mundo estão sinalizando que devem continuar com o estímulo a suas economias por um bom tempo. O Banco Central Europeu já garantiu compra massiva de ativos por um ano, além de indicar que nem em 2022 chega próximo da meta de 2%.
Do lado contrário, o argumento a favor de um corte menor é o de que a Selic menor não provocará um efeito relevante na economia agora. O ideal seria aguardar a reabertura de mais setores da economia para conseguir capturar melhor esse potencial.
O mercado, nos últimos dias, passou de uma aposta de 0,5% de corte no dia 17 para 0,75% – e ainda há economistas que apostam em um corte maior.
De qualquer maneira, existem muitos fatores garantindo ao Copom que o ambiente é favorável a um corte grande da Selic.
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Inscreva-se no Canal Forbes Pitch, no Telegram, para saber tudo sobre empreendedorismo.
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.