No início de maio, a crise política parecia fazer do Brasil um dos piores cenários do mundo aos olhos de investidores. Inclusive falamos, nessa mesma coluna, sobre essa condição e a possibilidade de a moeda norte-americana ultrapassar a barreira dos R$ 6.
Hoje vamos discutir sobre o patamar de R$ 4, mas, caso tenha lido o texto anterior, notará que os argumentos são os mesmos, só que agora estamos na outra ponta.
A explicação é simples: como o país tinha uma crise a mais do que os demais, era justificável que o dólar se valorizasse mais ante o real do que ante as demais moedas. Um cenário que favorecia o câmbio próximo da barreira de R$ 6. Agora, com o sentimento oposto, o de que a crise política parece distante, exclui-se essa pressão extra e o dólar se valoriza menos frente à nossa moeda.
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Vale adicionar uma importante observação. Nas últimas semanas, ganhou muita força a suspeita de que as projeções de contração das atividades em 2020 foram exageradas. Essa reversão nas opiniões fez com que o dólar se valorizasse menos no ano ante a maioria das moedas. Como a aversão a risco é menor, investidores se afastam dos ativos considerados mais seguros, como o dólar.
Isso significa que o movimento não é só por aqui: peso mexicano, rand sul africano e outras moedas estão sentindo o mesmo efeito. O dólar ainda se valoriza mais ante o real do que antes os demais no acumulado do ano.
O que nos leva à pergunta inicial: o câmbio voltará a R$ 4?. A resposta está bem conectada aos fatores internos, pois se a moeda norte-americana estivesse se valorizando ante o real na mesma média que se valoriza ante os nossos países pares, essa hipótese já seria uma realidade.
Para isso acontecer, é necessário retomar discussões como o novo marco do saneamento e as reformas administrativa e tributária. Mesmo que as duas últimas tenham apenas algumas partes aprovadas, ainda são avanços significativos para o ambiente de negócios de longo prazo.
Do lado contrário, acompanhamos com preocupação debates sobre tornar gastos transitórios para a crise em recorrentes. Além de intervenções no sistema bancário.
No fim, o argumento é o mesmo do começo do ano: caso o Brasil tenha um Planalto e um Congresso que trabalhem juntos, a agenda de reformas é bastante ambiciosa e benéfica. Não só voltaríamos aos mesmos patamares dos nossos pares, como seríamos um destaque positivo.
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