O dólar fechou em queda ante o real hoje (14), ao término de mais uma sessão instável que acompanhou o vaivém dos preços no exterior em meio a incertezas sobre o coronavírus, a esperanças sobre a economia e a tensões EUA-China.
O dólar começou o dia em baixa, passou a subir ainda na primeira hora de negócios e manteve-se em alta até o começo da tarde, quando voltou a perder força conforme os mercados internacionais melhoraram de humor.
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O dólar à vista caiu 0,73%, a R$ 5,3484 na venda. Na B3, o dólar futuro tinha queda de 0,94%, a R$ 5,3555, às 17h04.
O real terminou o pregão no Brasil entre as divisas de melhor performance no dia, depois de mais cedo ocupar a ponta de baixo. O peso mexicano liderava os ganhos, em alta de 1,2%. O índice do dólar frente a uma cesta de moedas cedia 0,27%, não distante das mínimas da sessão.
Entre outros ativos de risco, o principal índice da bolsa paulista fechou em alta de quase 2%, enquanto em Wall Street o S&P 500 ganhou 1,2% (ambos segundo dados preliminares), depois de operarem em queda mais cedo.
A volatilidade geral denuncia uma crescente cautela do mercado com um “combo” formado por aumento de casos de Covid-19 e suas consequências, sinais mistos sobre a atividade econômica pelo mundo e renovadas tensões geopolíticas entre EUA e China.
E a instabilidade nos preços do câmbio voltou a ser tema de discussão no mercado nesta sessão. O dólar oscilou no dia entre alta de 1,24%, para 5,4548 reais, e queda de 1,05%, a R$ 5,3312. A moeda recorrentemente tem alternado ganhos e perdas intradiárias por vezes simétricas ao longo das últimas sessões, com variações no dia superiores a R$ 0,10 –caso desta terça-feira.
Bernardo Zerbini, um dos responsáveis pela estratégia da gestão macro da gestora AZ Quest, disse que uma das teorias para explicar o intenso vaivém nos preços do dólar está relacionada ao aumento de operações por fundos quantitativos, aqueles baseados em algoritmos, além de maior negociação de contratos futuros de Míni de Dólar Comercial da B3 –versão menor do contrato de dólar futuro mais negociado.
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“Junto com aumento dessas operações, o que pode estar acontecendo também é um afastamento de fundos institucionais”, disse, explicando que isso pode estar afetando a liquidez e deixando o mercado mais suscetível a operações pontuais e/ou de poucos players.
Para Zerbini, no geral, o real ainda parece ser o “patinho feio” dos ativos domésticos. “Num caso de recuperação em V, você compra bolsa ou real? O real é sempre a última escolha, o patinho feio. A moeda fraca veio para ficar”, disse, citando menores diferenciais de juros e maiores incertezas fiscais no Brasil.
O Bank of America relatou que gestores de fundos pioraram as expectativas para a moeda brasileira em relação a um mês atrás. Segundo o BofA, 43% dos participantes de sondagem mensal esperam o dólar acima de 5,30 reais ao fim do ano, contra 19% no mês passado, com boa parte projetando que a moeda ficará entre R$ 5,31 e R$ 5,60 ao término de 2020.
Estrategistas do Morgan Stanley dizem que os desafios para o real ainda são “enormes”, mas por outro lado veem oportunidades em relação, por exemplo, ao peso mexicano. O banco passou a recomendar posição comprada no real contra o peso.
“Os desafios tanto para o peso mexicano quanto para o real são enormes, e evitaríamos recomendação de posições versus moedas de países desenvolvidos, mas começamos, sim, a ver alguns sinais iniciais positivos no Brasil em relação ao México enquanto o par real/peso mexicano oscila perto de mínimas em vários anos”, disseram estrategistas do Morgan Stanley em relatório. (Com Reuters)
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