O dólar sofreu hoje (21) a maior queda em seis semanas, com o real liderando os ganhos nos mercados globais de câmbio em dia de fraqueza generalizada da moeda norte-americana conforme investidores se apegaram a expectativas de mais estímulos em meio a esperanças sobre vacinas para a Covid-19.
A percepção de retomada da agenda de reformas no Brasil contribuiu para o rali da taxa de câmbio.
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O dólar à vista caiu 2,44%, a R$ 5,2115 na venda. É a maior desvalorização percentual diária desde 8 de junho (-2,66%) e o menor patamar para um fechamento desde 23 de junho (R$ 5,1531).
A divisa operou em baixa durante toda a sessão. Na mínima, desceu a R$ 5,1659 (-3,29%), enquanto na máxima marcou R$ 5,3115 (-0,57%).
Na B3, o dólar futuro recuava 2,43%, a R$ 5,2105, às 17h04.
A terça-feira foi marcada pela queda generalizada do dólar, com a divisa perdendo ante todos os seus principais pares.
Depois do real, peso chileno (+1,8%), dólar australiano (+1,6%) e outras divisas ligadas a commodities encabeçavam os ganhos, junto com moedas europeias, com o euro superando US$ 1,15 e indo a máximas em um ano e meio após líderes europeus aprovarem um histórico fundo de recuperação de € 750 bilhões.
O índice do dólar frente a uma cesta com seis divisas cedia 0,6%, nas mínimas desde o começo de março.
“O global está ditando o movimento do dólar aqui”, disse Roberto Motta, chefe da mesa de futuros da Genial Investimentos.
“Existe um movimento estrutural de enfraquecimento do dólar, que é bom para commodities, o que por sua vez é bom para emergentes”, afirmou, acrescentando que o real teve impulso extra por estar mais desvalorizado que outras moedas e por operações lideradas por fundos quantitativos – baseados em algoritmos.
Um índice de commodities subia 1,3% nesta terça, para patamares próximos aos vistos em meados de março.
O real sobe 2,47% em julho, mas ainda cai 23% no ano, o que faz da divisa brasileira a de pior desempenho entre os principais rivais do dólar.
Operadores comentaram que a queda do dólar ante o real nesta terça ocorreu na esteira de fluxo estrangeiro. Desmonte de “hedge” no câmbio para posições em outros mercados também foi citado, o que ajudaria a explicar a queda de 0,11% do Ibovespa e a alta dos juros, apesar do otimismo geral.
Álvaro Marangoni, sócio na Quadrante Investimentos, destacou o noticiário sobre retomada da agenda de reformas no Brasil, fator que atrai atenção de estrangeiros.
O governo encaminhou ao Congresso nesta terça-feira sua aguardada proposta de reforma tributária. Após a entrega do texto aos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ministro da Economia, Paulo Guedes, ressaltou que o projeto de lei representa apenas a parte inicial do plano do governo.
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“A expectativa do mercado é que o processo de reformas siga intacto, como telegrafado recentemente por Guedes e Maia, e isso coloca o Brasil de novo no radar dos fluxos”, disse Marangoni, para quem o desempenho do real à frente está relacionado à evolução das reformas e a números sobre a atividade econômica.
“Com as reformas andando, o real até pode apreciar mais, mas pelos fundamentos de hoje, eu diria que uma taxa próxima à atual estaria perto do equilíbrio”, ponderou.
Um dos pontos mais comentados por analistas de mercado e que, segundo os quais, afasta fluxo ao país é a percepção de volatilidade no câmbio. A volatilidade implícita em opções de dólar/real – uma medida de incerteza sobre a taxa cambial – caiu nesta terça-feira a mínimas em pelo menos um mês, mas segue acima das observadas nos principais pares do real. (Com Reuters)
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