O dólar voltou a fechar em firme alta hoje (21), superando R$ 5,60, renovando máxima em três meses e concluindo a quarta semana consecutiva de valorização –o que não ocorria desde o fim de abril–, amparado pelo somatório de desconforto fiscal doméstico e reavivamento da divisa no exterior.
O dólar à vista subiu nesta sexta 0,95%, a R$ 5,6068. É o maior patamar desde 20 de maio (R$ 5,6902).
Ao longo da sessão, a moeda chegou a saltar 1,44%, para R$ 5,634, e, na mínima, praticamente zerou a alta, com variação positiva de 0,04%, a R$ 5,5562.
Na semana, a cotação ganhou 3,31%, a quarta seguida no azul, período em que apreciou 7,68%.
Em agosto, o dólar sobe 7,44%. No ano, dispara 39,72%.
No exterior, o índice do dólar valorizava-se 0,6%, a caminho de escapar da nona semana consecutiva de perdas. Dados fortes de atividade empresarial nos EUA deram respaldo global à moeda norte-americana nesta sessão.
No Brasil, o mercado chegou a esboçar tentativa de evitar nova alta da moeda, depois de na véspera a Câmara dos Deputados ter mantido veto presidencial de um dispositivo que abria margem para concessão de reajuste salarial a servidores públicos, depois de o Senado Federal ter surpreendido ao derrubar esse veto, o que causou grande estresse nos mercados na quinta-feira.
Nesta sexta, o presidente Jair Bolsonaro fez um aceno ao Congresso e elogiou os “muito valorosos” parlamentares que ajudaram na manutenção do veto presidencial, ressaltando que tem “sócios” no Congresso.
Contudo, o mercado avalia que a sequência de eventos deixou um gosto amargo.
“O tema fiscal deve continuar em destaque na próxima semana, já que o governo tem até 31 de agosto para enviar o projeto do Orçamento de 2021, com as diretrizes para cumprimento do teto de gastos. Após aumento relevante das despesas neste ano, para limitar os efeitos da pandemia, o desafio de cumprir o teto e cortar gastos persiste”, disse o Bradesco em nota.
O real tem sido especialmente impactado pelas preocupações de ordem fiscal também porque investidores avaliam que o nível baixo dos juros não compensa os riscos.
“Esperamos que a taxa de câmbio permaneça fraca, refletindo o prêmio de risco elevado em meio ao frágil cenário macroeconômico e às baixas taxas de juros”, disseram analistas do Bank of America. O banco estima dólar de R$ 5,40 ao fim do ano, com banda de oscilação entre R$ 5 e R$5,50 até lá e com intervenções do Banco Central.
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Nesta sexta, o BC vendeu US$ 650 milhões em moeda spot, elevando a US$ 1,79 bilhão o total colocado desde a véspera –movimento que, no mercado, é entendido como uma reação a saídas de recursos mais expressivas.
Felipe Pellegrini, gerente de tesouraria do Travelex Bank, avaliou que o real tem sido pressionado nas últimas semanas a despeito de alguma melhora no bloco de moedas emergentes. Segundo ele, na ausência de nova série de notícias negativas para o câmbio, essa depreciação pode ter chegado a um limite.
“Existe uma resistência forte nos R$ 5,70. Se o dólar não passar desse nível e se as notícias ajudarem, você tem um acúmulo de posições que podem ser desfeitas, ajudando o dólar a buscar talvez os R$ 5,40”, disse. (Com Reuters)
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