O dólar avançava contra o real hoje (14), refletindo a aversão a risco no exterior depois de dados decepcionantes da China, enquanto os investidores voltavam as atenções para a trama política local.
Às 10:34, o dólar avançava 0,34%, a R$ 5,3855 na venda. Na máxima do dia, a moeda norte-americana chegou a tocar R$ 5,4345, alta de 1,24%. O dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 0,37%, a R$ 5,391.
Números de hoje mostraram que as vendas no varejo na China recuaram em julho, contrariando as expectativas de aumento, uma vez que os consumidores mantiveram a cautela devido ao coronavírus, enquanto a recuperação do setor industrial mostrou dificuldades em ganhar ritmo.
A leitura elevou o pessimismo entre os investidores internacionais, que estavam contando com uma aceleração econômica na China para liderar a recuperação global diante da pandemia.
“A divulgação de dados mais fracos que o esperado de indústria e varejo chineses evidenciam uma desaceleração do ritmo de recuperação do país após Pequim parar de adotar estímulos econômicos”, disse em nota Ricardo Gomes da Silva Filho, da Correparti Corretora. “Além disso, os impasses nas negociações do pacote de medidas de estímulos fiscais nos EUA (…) contribuem para esse sentimento negativo.”
Mesmo depois do fim de um estímulo emergencial que fornecia pagamentos semanais a norte-americanos desempregados, a Casa Branca e os democratas do Congresso dos EUA seguem brigando sobre os termos de um novo pacote de ajuda econômica, uma vez que o governo Trump não quer aprovar financiamento para que as eleições no país sejam feitas pelos correios.
No exterior, diante desse cenário, o dólar operava em leve queda contra uma cesta de moedas, mas registrando perdas menos acentuadas do que as registradas nos últimos dias. Ante divisas arriscadas, como rand sul-africano, dólar australiano, lira turca e peso mexicano, a moeda norte-americana apresentava comportamento misto.
Enquanto isso, no Brasil, o foco estava na política depois das indicações do ministro da Economia, Paulo Guedes, para secretários da pasta e declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o teto de gastos.
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Além disso, o ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu revogar uma liminar anterior e determinou na noite de ontem (13) que Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), seja preso novamente.
Segundo Mauriciano Cavalcante, diretor de câmbio da Ourominas, a reversão da prisão domiciliar de Queiroz foi um fator que ajudou a impulsionar o dólar nos primeiros instantes do pregão. “A situação pode trazer instabilidade no mercado”, disse, mas ressaltou que “o mercado está esperando que saia mais alguma notícia relevante para tomar uma posição clara em relação ao dia”.
Na véspera, o dólar negociado no mercado interbancário teve queda de 1,56%, a R$ 5,3675 na venda, a maior perda percentual diária desde 22 de julho.
O Banco Central dará início na próxima segunda-feira (17) à rolagem de contratos de swap cambial tradicional com vencimento em outubro, em decisão anunciada na quarta-feira (12) após o BC retomar ofertas líquidas desses ativos pela primeira vez em cerca de três meses diante da pressão na taxa de câmbio.
“O Banco Central está de olho na especulação do mercado”, disse Mauriciano Cavalcante. “Ele está deixando o mercado fluir de acordo com a oferta e a procura, mas quando há picos de especulação ele mostra presença, e o BC tem bala na agulha para intervir.” (Com Reuters)
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