A empresa de cana-de-açúcar, etanol e bioenergia Biosev registrou prejuízo líquido de 280,8 milhões de reais no primeiro trimestre da temporada 2020/21, ante perda de 163,7 milhões de reais em igual período do ano anterior. O resultado foi impactado principalmente pela variação cambial, com a empresa lidando com elevado endividamento em dólar.
Na tarde de hoje (17), a Biosev também informou que os lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda ajustado) atingiram 321 milhões de reais no trimestre, alta de 10% em comparação anual, em meio a uma disparada no faturamento diante de bons resultados obtidos com o açúcar e as lavouras.
LEIA MAIS: Governo prepara MP para melhorar ambiente de negócios
“Esses resultados se devem às melhorias na qualidade do nosso canavial, nos tratos culturais e eficiência operacional”, disse o presidente da companhia Juan José Blanchard.
Ele ainda ressaltou recordes na qualidade da matéria-prima do período, medida pelo Açúcar Total Recuperável (ATR) de 129 quilos por tonelada de cana, além de um aumento de 2,9% na produtividade média dos canaviais, para 94,5 toneladas por hectare.
A receita líquida da empresa, uma das maiores do setor no Brasil, chegou a 2,7 bilhões de reais no período, superando em 53,4% o montante referente ao mesmo momento do ano passado, impulsionada especialmente pela comercialização de maiores volumes de açúcar no mercado externo e pelo maior volume de moagem.
A Biosev, braço de açúcar e etanol do grupo Louis Dreyfus, reportou também recorde para o período no processamento de cana, que subiu cerca de 7%, para 11,6 milhões de toneladas.
O mix de produção da companhia no período favoreceu o açúcar, com 51,6% da cana sendo destinada ao adoçante, em função da rentabilidade maior do produto frente ao etanol. O nível supera em 17,9 pontos percentuais o visto em igual período de 2019/20.
PERDAS COM CÂMBIO
A companhia afirmou que as perdas com a desvalorização de 42,9% do real frente ao dólar foram parcialmente compensadas pelo aumento na receita líquida.
Mas o fato de a empresa ter a maior parte de sua dívida em moeda estrangeira resultou em aumento de 36% no endividamento, para 7,3 bilhões de reais no primeiro trimestre da atual temporada.
Questionados se a anunciada negociação para aquisição da Biosev pela Raízen, joint venture da Cosan com a Shell, poderia ser a solução para a dívida, os executivos afirmaram que as conversas ainda são preliminares e preferiram dizer que o caminho para o problema é a contínua melhoria operacional.
A Biosev afirmou na semana passada que mantém negociações iniciais para possível venda de suas operações para a Raízen Energia.
“As nossas conversas com Raízen são preliminares e não temos nada vinculante assinado”, completou o CEO.
O diretor financeiro da Biosev, Leonardo Oliveira D’Elia, admitiu que a companhia tem um nível de alavancagem alto, mas a única forma de “endereçar esse ponto é com as entregas operacionais”.
“Elas são muito fortes e vão pavimentar o caminho para a redução da alavancagem”, afirmou, evitando vincular uma solução para a dívida com o eventual acordo com a Raízen. (Com Reuters)
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.