O dólar fechou em firme baixa ante o real hoje (9), mais do que devolvendo os ganhos da véspera, com o mercado de câmbio replicando o dia de fraqueza global da moeda norte-americana em meio à recuperação do apetite por risco.
O dólar à vista caiu 1,23%, a R$ 5,30 na venda, depois de alta de 1,09% na sessão anterior. É a maior queda percentual diária desde a quinta-feira passada, dia 3 (-1,27%). Na B3, o dólar futuro de maior liquidez tinha queda de 1,16%, a R$ 5,3040, às 17h21.
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O real esteve entre as divisas de melhor desempenho na sessão, com peso mexicano, rand sul-africano e peso chileno, em um dia de retorno da demanda por ativos mais arriscados, o que empurrou para cima as ações em Wall Street e os preços do petróleo.
Mesmo a notícia de que a AstraZeneca havia suspendido testes globais com sua potencial vacina contra o coronavírus, devido a reação em um participante do estudo, não abalou o mercado nesta sessão e foi entendida por alguns players como evidência de que governos e bancos centrais precisarão continuar injetando liquidez no sistema financeiro para debelar a crise causada pela pandemia.
No Brasil, o mercado seguiu atento à agenda de reformas fiscais, mas avaliou com cautela a postura do governo diante de elevações nos preços de alguns alimentos.
Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,24%, maior variação positiva para o mês de agosto desde 2016, em meio a forte pressão dos preços da gasolina e de alimentos, informou nesta quarta-feira o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em tese, a inflação dando sinais de volta, especialmente num contexto de retomada econômica, ajuda a reduzir apostas em novos cortes de juros pelo Banco Central, o que é positivo para o real.
A queda dos juros a mínimas recordes minou a atratividade do “carry trade” (operações de arbitragem envolvendo câmbio e renda fixa) no Brasil, o que pressionou o real e contribuiu para levar o dólar a máximas perto de R$ 6 em maio.
Na avaliação de Agustin Sicouly, chefe de câmbio para a América Latina do Barclays, o juro baixo ainda limita chances de recuperação mais expressiva para o real neste ano, mas a moeda pode se beneficiar de uma melhora econômica e da retomada da agenda de reformas.
Com isso, em seu cenário, o dólar poderia voltar a testar níveis próximos de R$ 5 em 2021, depois de ficar até o fim de 2020 perto dos atuais patamares. “Se o Brasil sustentar um crescimento mais forte, vai ficar mais evidente que os ‘hedges’ no câmbio não vão valer mais a pena, e isso estimularia mais desmonte de posições contrárias ao real, ajudando a moeda a se recuperar mais”, afirmou o profissional.
Em estudo, o Bradesco avaliou que a volatilidade do real, entre as maiores do mundo, está “muito atrelada” ao cenário global de ainda elevada aversão ao risco e a incertezas quanto à política fiscal doméstica, mas ponderou que o país pode atrair recursos mesmo a Selic baixa. “Com redução das incertezas fiscais e a retomada do crescimento, o país volta a se tornar atrativo para os fluxos de portfólio, mesmo em um ambiente de juros domésticos ainda baixos”, disse o banco em nota. (Com Reuters)
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