O dólar emendou a terceira alta consecutiva hoje (22), quando mais uma vez flertou com a resistência de R$ 5,50, com o mercado abalado por alertas sobre riscos à economia dos Estados Unidos em meio a persistentes efeitos da pandemia.
A ausência de notícias melhores no plano doméstico abriu caminho para o dólar seguir o exterior e fechar em alta de mais de 1%. No mercado à vista, a cotação avançou 1,26%, a R$ 5,4682 na venda, nova máxima desde 31 de agosto (R$ 5,4807).
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O fortalecimento do dólar ocorreu na parte da tarde, quando, por volta de 14h, a divisa bateu a máxima da sessão (de R4 5,4975, alta de 1,81%). Na mínima, atingida ainda pela manhã, caiu a R$ 5,3839 (-0,30%).
A tomada de fôlego do ativo coincidiu com o início da fala do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, em audiência em comitê da Câmara dos Deputados dos EUA. Powell voltou a adotar um tom geral mais sombrio sobre as perspectivas econômicas e disse que “o caminho à frente continua sendo altamente incerto” e mais uma vez citou a importância de aprovação de novo estímulo fiscal.
Também nesta terça, o presidente do Federal Reserve de Chicago, Charles Evans, disse que a economia dos EUA corre risco de enfrentar uma recuperação mais longa e lenta, se não outra recessão total, caso o Congresso não aprove um pacote fiscal, citando ainda chances de alta de juros mesmo que a inflação não alcance 2%.
E o presidente do Federal Reserve de Richmond, Tom Barkin, afirmou que mercado de trabalho pode não se recuperar totalmente até que haja uma vacina ou outro tratamento que ajude os norte-americanos a se sentir seguros.
O dólar saltava 0,4% ante uma cesta de moedas, indo às máximas em quase dois meses. Moedas emergentes lideravam as perdas globais ante o dólar, com destaque negativo para peso mexicano (-1,5%), peso colombiano (-1%) e real (-1,25%), todas da América Latina –região do mundo mais atingida pela pandemia de Covid-19.
Fernando Bergallo, CEO da FB Capital, afirmou ainda que o discurso do presidente norte-americano, Donald Trump, na Assembleia Geral da ONU –com tom ainda beligerante em relação à China– acabou elevando o desconforto do mercado, uma vez que mostra que a relação entre as duas maiores potências do mundo segue instável. “E aqui seguimos sem notícias boas, ainda com a sombra da possibilidade de furo do teto de gastos. Mesmo sem atualização negativa (no noticiário), o mix todo de sinais ainda é ruim”, afirmou.
Em entrevista à Reuters, o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, disse que o Brasil não conta com espaço para errar na gestão das contas públicas no pós-pandemia. A declaração vem em meio a dias de intensa pressão no mercado de renda fixa por apreensão sobre a trajetória da dívida e, defendem alguns, também o patamar da Selic.
Na ata da última reunião de política monetária do Banco Central, divulgada mais cedo, o Copom indicou que as condições para sua sinalização de que a taxa Selic não deve subir seguem de pé. Na semana passada, o colegiado manteve o juro básico na mínima recorde de 2% ao ano. (Com Reuters)
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