O mercado de câmbio doméstico deu uma pausa depois de três quedas seguidas do dólar, e a moeda norte-americana fechou hoje (4) em leve alta, com ajuste técnico amparado por mais um dia negativo no exterior e por alguns ruídos políticos em Brasília.
Os feriados de 7 de Setembro no Brasil e do Dia do Trabalhador nos EUA, ambos na próxima segunda-feira, também estimularam alguma posição mais defensiva. Ainda assim, o dólar completou a segunda semana consecutiva de baixa, sequência não vista em três meses.
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O dólar à vista subiu 0,33% nesta sexta, a R$ 5,3081 na venda. A cotação até chegou a esboçar um quarto dia de baixas ao cair 0,81% na mínima, a R$ 5,2475, ainda na primeira hora de negócios. Desde então, porém, tomou fôlego, chegando a subir 0,73% na máxima, a R$ 5,329.
Na semana, a moeda ainda caiu 1,99%. A cotação perde 3,15% em setembro, mas dispara 32,28% em 2020. O dólar vinha de queda de 3,47% nas três sessões entre terça e quinta.
Depois de uma semana de descompressão de risco na cena política, após envio pelo governo ao Congresso do texto da reforma administrativa, o mercado analisou nesta sexta notícias sobre aparentes problemas de relacionamento entre integrantes do Congresso e do Executivo.
O presidente Jair Bolsonaro assinou despacho nesta sexta-feira que cancela urgência pedida previamente para a tramitação da reforma tributária enviada ao Congresso em julho, um dia após novas rusgas entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), virem a público.
O sentimento do mercado doméstico melhorou recentemente com a percepção de que o governo recuou de uma abordagem mais populista, mas alguns analistas ainda demonstram receio sobre os próximos passos. “Ainda que o compromisso com o respeito ao teto (de gastos) tenha retornado aos discursos oficiais, consideramos que o tema ainda não está totalmente pacificado e seu desfecho permanece condicionado à velocidade de recuperação da economia, em especial do mercado de trabalho”, disse a gestora Opportunity em carta mensal, avaliando que o maior risco à política fiscal seria a extensão do período de calamidade pública para 2021, o que, segundo a casa, abriria espaço para contornar regras de controle fiscal.
Ainda nesta sexta, investidores reagiram com cautela a afirmação do presidente Bolsonaro de que irá dar “canetadas”, no contexto em que ele afirmou estar conversando com intermediários e com representantes de grandes redes de supermercados para tentar evitar uma alta maior nos produtos da cesta básica.
Completando a lista de afirmações do dia, chamou atenção comentário do diretor de Política Econômica do Banco Central, Fabio Kanczuk, de que o Banco Central está menos preocupado com a volatilidade cambial e de que a autoridade monetária não tem planos de tentar intervir e cancelar esses efeitos. “A gente um pouco perdeu a preocupação”, afirmou o diretor.
O real é a mais volátil das principais divisas globais, superando rivais como lira turca, que sofre com queda nas reservas cambiais e inflação persistentemente alta. O intenso vaivém no preço do câmbio dificulta planejamento de fluxo de caixa das empresas e é visto como uma dificuldade a mais para projetos de investimentos, o que joga contra a recuperação da economia real.
A leve alta do dólar no Brasil nesta sexta ocorreu ainda em meio a mais dia negativo para mercados de risco, com Wall Street voltando a fechar em baixa por temores sobre lenta recuperação econômica. (Com Reuters)
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