Um efeito fiscal extraordinário garantiu o lucro da Lojas Renner no segundo trimestre, compensando contabilmente os efeitos da pandemia de Covid-19, que derrubaram as vendas da varejista de moda no período.
Em termos ajustados, a companhia teve prejuízo de R$ 228 milhões, ante lucro de R$ 230,7 milhões um ano antes. Porém, considerando os efeitos da vitória de uma ação sobre exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins, que resultou num ganho líquido de R$ 1 bilhão, a Lojas Renner passou a ter lucro líquido de R$ 818,1 milhões.
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No caixa, esse efeito só será percebido ao longo de 2021, explicou o presidente-executivo da empresa, Fabio Faccio, porque o ganho se dará descontando dos impostos a pagar.
De todo modo, o efeito extraordinário aliviou em parte o estrago severo das medidas de isolamento social tomadas para conter a pandemia. A Lojas Renner, que chegou a ter 100% das lojas físicas totalmente fechadas em abril, retomou gradualmente as operações, mas não a tempo de evitar uma queda de 73,3% da receita líquida, ano a ano, para R$ 539,6 milhões.
Os danos só não foram maiores porque a empresa conseguiu se aproveitar do forte crescimento das vendas por canais digitais no período, com alta de 122% no trimestre. As vendas mesmas lojas (SSS) caíram 74,1%, mas têm apresentado melhora sequencial, afirmou o executivo.
Segundo Faccio, mesmo com a reabertura integral das lojas físicas, o e-commerce seguiu subiu 239% em julho ano a ano.
“Isso nos levou a ajustar parte do investimento que faríamos em novas lojas para nossa estrutura de comércio eletrônico”, disse o executivo à Reuters, frisando no entanto que o plano de inaugurações de pontos físicos até 2025 está mantido.
O desempenho operacional da companhia medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 455,3 milhões, consideradas as operações de varejo, alta de 32,1% frente ao mesmo período de 2019. Excluindo o efeito fiscal, o Ebitda de Varejo foi negativo em R$ 280,2 milhões.
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Com a gradual recuperação das vendas e a expectativa de lançamentos dos créditos fiscais no caixa, a companhia avalia não renovar linhas de crédito tomadas durante o período mais crítico da pandemia para elevar sua liquidez, disse o diretor de relações com investidores, Laurence Gomes, referindo-se a vencimentos que ocorrem no início de 2021.
A Lojas Renner emitiu R$ 1 bilhão em debêntures entre abril e maio, o que elevou seu endividamento ajustado de 0,14 vez no fim de 2019 para 0,61 vez no fim do primeiro semestre, a R$ 1,1 bilhão.
A ação da Lojas Renner tem em 2020 queda de 22,3%, tendo fechado ontem (31) a R$ 43,47. (Com Reuters)
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