Em busca de mais rentabilidade, pais e mães têm migrado a poupança das crianças para ativos com maior exposição a riscos e, consequentemente, prêmios melhores, mas um movimento silencioso e poderoso tem acompanhado essa mudança no destino dos recursos: a educação financeira das crianças.
Falar sobre dinheiro em casa, explicar que uma parte da mesada deve ser reservada para objetivos futuros e manter a consistência nas aplicações são apenas algumas das novidades no dia a dia de centenas de famílias que decidiram introduzir o relacionamento com o dinheiro na vida dos pequenos. As crianças e adolescentes até 15 anos já somam mais de 12 mil pessoas na B3, a Bolsa de valores brasileira. Número que, apesar de tímido, acompanha a evolução dos investidores do varejo no mercado de capitais nacional.
Mas sem a caderneta de poupança como opção para os recursos (afinal, a rentabilidade atual é de 1,4% a.a., menor que a inflação) onde investir o dinheiro das crianças?
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Para Betina Roxo, estrategista-chefe da Rico, alguns princípios básicos devem ser seguidos por investidores em qualquer faixa etária: diversificação, respeito ao perfil de risco e planejamento financeiro. “Os pais precisam entender como estão as suas finanças para não investirem pela criança e depois sacarem o dinheiro porque não fizeram um planejamento familiar correto”, avalia.
Na renda fixa, a estrategista recomenda produtos como os títulos públicos do Tesouro atrelados ao IPCA (Tesouro IPCA+ 2026 e Tesouro IPCA+ 2055) que podem pagar juros de até 4,5% acima da inflação nos patamares atuais. As debêntures incentivadas (que têm isenção de imposto de renda) também são uma opção, mas é importante avaliar quem é o emissor do título e quais os riscos da operação. “Pensando numa estratégia de longo prazo para a faculdade, por exemplo, é importante considerar investimentos protegidos da inflação”, alerta Betina.
Rafael Panonko, analista chefe da Toro Investimentos, recomenda que os pais devam incluir na educação dos filhos o hábito de juntar dinheiro, separando uma parte da mesada para os investimentos junto com a criança, não fazendo os aportes por ela. “O quanto desse valor você quer poupar para o futuro ou para comprar alguma coisa? É preciso mostrar para a criança que ela pode ter algo no futuro se poupar hoje”, explica.
A avaliação dos especialistas, no entanto, é que os aportes em renda fixa devam compor somente uma fatia dos recursos das crianças e não apenas pela diversificação da carteira, mas também de olho na educação financeira.
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Na renda variável, os Fundos de Investimento Imobiliário, conhecidos como FIIs, são uma opção de investimento na economia real com menor volatilidade (na comparação com as ações) e boa possibilidade de rendimentos. “Os FIIs permitem aportes pequenos, pagam dividendos mensais e são isentos de imposto de renda. Esses rendimentos reinvestidos com aportes mensais podem constituir um patrimônio interessante na vida adulta”, explica Panonko.
Fundos como o MXRF11, BCFF11 e HGLG11 são recomendados pelo analista da Toro. No fechamento de ontem (9), a cota de cada um deles encerrou negociada em R$ 10,62, R$ 90,60 e R$ 172,96, respectivamente.
Para ajudar na estratégia de diversificação no início da jornada dos investimentos, vale apostar nos fundos, mas sempre avaliando qual a taxa de administração e outros custos relacionados à gestão profissional da carteira. No caso dos fundos imobiliários, os Fundos de Fundos (FoFs, na sigla em inglês) aprimoram a tarefa de diversificar. Os fundos de ações ou multimercado também são uma opção válida para a carteira dos pequenos.
“Na Rico temos os fundos DNA. São seis tipos de fundos para diferentes perfis, do conservador ao mais arrojado, com aplicações a partir de R$ 100,00. Além de diversificar com gestão profissional, esses fundos oferecem acesso a produtos restritos ao investidor qualificado”, explica Betina.
Pensando em orientar não apenas pais, mas também conquistar as crianças, a Genial Investimentos lançou no último mês uma carteira com ativos para o público infantil. No portfólio do Genominha estão papéis como Disney (DISB34), Renner (LREN3) e empresas da indústria de games e jogos eletrônicos. A corretora também zerou a corretagem para operações de investidores menores de 18 anos.
Na hora de investir, além dos riscos de cada aplicação, os pais devem considerar também a tributação e taxas de cada produto, já que esses fatores irão impactar o rendimento líquido dos recursos.
“As crianças e jovens têm anos pela frente e podem tomar muito mais riscos que os adultos. As pessoas muitas vezes não aceitam a renda variável por falta de conhecimento. A partir do momento que você conhece, a tolerância ao risco muda. Ensinar isso para as crianças é importante, mas o foco no longo prazo é o que faz a diferença,” garante Panonko.
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