O diplomata e ex-embaixador dos EUA no Brasil, Thomas Shannon, participou hoje (19) de um webinar organizado pela Câmara Americana de Comércio (Amcham) sobre o cenário eleitoral norte-americano e possíveis impactos para o Brasil. Com as pesquisas apontando uma vantagem entre 8 e 10% para Joe Biden, Shannon frisou que se o democrata vencer, o Brasil será menos castigado em termos de tarifas nas trocas comerciais.
Shannon acredita que Biden alcançará a vitória por voto popular, com uma diferença de pelo menos 3 milhões de votos. No entanto, reiterou que é um erro tentar prever o que vai acontecer nas eleições, indicando que há espaço para mudanças até 3 de novembro. Não se deve considerar Trump derrotado, apesar das pesquisas apontarem dificuldade para sua reeleição.
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Segundo Shannon, o republicano segue em uma campanha enérgica. “Trump quer mostrar que tem forte base popular de apoio, com uma imagem de habilidade em enfrentar os graves problemas do mundo. Sua intenção é tentar converter essa imagem em votos”, disse o embaixador.
Entre os aspectos que chamam a atenção do diplomata norte-americano está a participação histórica da população nesta eleição. “Até agora, 28 milhões de pessoas já votaram. Isso indica um interesse forte na oportunidade de expressar a vontade popular de votar”, disse Shannon.
Além da forte participação popular no pleito, o embaixador apontou uma mudança demográfica e social. “A população hispano-americana nessas eleições será a com maior e mais importante participação. Pela primeira vez, os afro americanos não serão a maioria de votantes entre as minorias.”
Na relação comercial, o resultado das eleições norte-americanas podem abrir cenários diversos. Shannon lembrou que o comércio atual entre o Brasil e os EUA mostra um avanço nas relações, que são produto de muitos anos de trabalho de ambos os países. “Independentemente do ganhador, é importante que esse avanço seja mantido”, disse o ex-embaixador.
Ao ser perguntado pela Forbes Money sobre quais setores da economia brasileira poderiam ser mais afetados no caso da vitória de Trump ou Biden, Shannon foi enfático: aço e alumínio, setores muito castigados pelas tarifas impostas por Trump.
“Não acho que Biden utilizaria as tarifas dessa maneira, ele seguiria o perfil da Organização Mundial do Comércio (OMC) para resolver disputas econômicas”, disse Shannon.
Sobre a China, o embaixador aposta que a relação entre os dois países definirá o século 21, seja pelo bem ou pelo mal, pela prosperidade ou pela pobreza. “Esses dois governos têm muitas responsabilidades de trabalhar para procurar interesses sem causar problemas para o resto do mundo. O mundo não vai aceitar outra guerra fria”, apontou o diplomata. Para ele, o Brasil tem relações boas com ambos os países, logo o país precisa expressar e reafirmar seus interesses comerciais.
No que tange à política ambiental, o diplomata afirmou que “com Trump, nada mudaria. Com Biden, será diferente. Ele reafirmou em diversas oportunidades a importância do meio ambiente para ele e para partido democrata. Biden entende que os EUA não está numa situação de pressionar o Brasil. É preciso buscar cooperação. O Brasil tem grande capital ambiental no mundo. Acredito que Biden abriria diálogo e colaboração”, finalizou.
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